Wall Street cai nesta quarta-feira, liderada por quedas no índice Nasdaq, com o setor de tecnologia sob forte pressão antes do feriado de Ação de Graças. Dados econômicos dos EUA mostram aumento sólido nos gastos dos consumidores, mas a inflação segue resistente, elevando incertezas sobre a postura do Federal Reserve em relação aos cortes de juros. Além disso, declarações de Donald Trump sobre novas tarifas comerciais adicionaram tensões ao mercado.
Setor de tecnologia lidera as perdas
O setor de tecnologia foi o principal responsável pelo recuo do Nasdaq, que caiu 0,59% para 19.061,78 pontos. Empresas como Dell e HP tiveram quedas significativas, com 12% e 6%, respectivamente, após divulgarem previsões trimestrais fracas. Essa retração também afetou o índice de tecnologia da informação, que caiu 1,2%.
O desempenho negativo reflete a preocupação do mercado com os potenciais atrasos nos cortes de juros pelo Federal Reserve. Empresas do setor de tecnologia são altamente sensíveis às condições econômicas, especialmente às taxas de juros, que impactam diretamente seus custos de financiamento e projeções de crescimento.
Apesar disso, analistas destacam que uma eventual queda nas taxas pode reverter parte dessas perdas, melhorando a perspectiva para o setor em 2024.
Impacto da inflação nos mercados
Dados recentes indicam que os gastos dos consumidores aumentaram em outubro, impulsionando o crescimento econômico. No entanto, o progresso na redução da inflação parece ter estagnado, o que pode levar o Federal Reserve a adotar uma postura mais cautelosa.
A economia dos EUA cresceu em ritmo sólido no terceiro trimestre, enquanto os pedidos de auxílio-desemprego caíram novamente na semana passada. Esses sinais mistos criam incertezas sobre as próximas decisões de política monetária.
Os mercados agora monitoram de perto os próximos relatórios econômicos. Se os dados de inflação não mostrarem desaceleração, é possível que o Fed adie os cortes nas taxas, o que manteria a pressão sobre o mercado de ações.
Políticas de Trump e tensões comerciais
Donald Trump, presidente eleito, anunciou planos de impor tarifas de 25% sobre importações do México e Canadá e de 10% sobre produtos chineses. Segundo ele, as medidas têm o objetivo de conter o fluxo de fentanil e de migrantes ilegais para os EUA.
Esse anúncio aumentou a volatilidade no mercado, especialmente para setores dependentes de cadeias globais de suprimentos, como tecnologia e manufatura. Tarifas elevadas podem elevar custos, reduzir margens de lucro e desestimular investimentos, ampliando a incerteza entre investidores.
Analistas avaliam que, embora as tarifas ainda sejam propostas, sua implementação pode impactar negativamente as relações comerciais e o crescimento global. A reação inicial do mercado reflete essa apreensão, especialmente em setores mais expostos ao comércio internacional.
Expectativas para cortes de juros
Embora os operadores tenham aumentado suas apostas em um corte de 25 pontos-base na reunião do Fed em dezembro, o mercado permanece dividido. A ferramenta FedWatch da CME aponta que a probabilidade de cortes caiu para as reuniões de janeiro e março, indicando que o Fed pode esperar por mais dados antes de agir.
A força da economia americana, combinada com a inflação resistente, cria um dilema para o banco central. Se o Fed reduzir os juros muito cedo, pode comprometer seus esforços de longo prazo para estabilizar a inflação. Por outro lado, manter as taxas elevadas por mais tempo pode impactar negativamente o mercado de ações e setores mais sensíveis, como tecnologia e consumo.
Investidores agora esperam uma maior clareza nas próximas semanas, especialmente com os dados de novembro e o posicionamento oficial do Fed.
Desempenho dos principais índices
Além do Nasdaq, o S&P 500 caiu 0,38%, fechando a 5.998,78 pontos, enquanto o Dow Jones recuou 0,31%, encerrando o dia em 44.723,23 pontos. O impacto foi mais pronunciado nos setores de tecnologia e bens de consumo, que continuam vulneráveis a mudanças nas taxas de juros e às incertezas econômicas.
Apesar disso, analistas apontam que o mercado tem mostrado resiliência em 2024, com setores defensivos, como saúde e energia, apresentando desempenho estável. Esse equilíbrio ajuda a mitigar parte das perdas em setores mais voláteis.
Conclusão
Wall Street cai em meio a resultados decepcionantes no setor de tecnologia, incertezas políticas e econômicas, e expectativas mistas sobre cortes de juros. O desempenho dos principais índices reflete o impacto combinado de previsões corporativas pessimistas, tensões comerciais e dados econômicos mistos.
Os próximos passos do Federal Reserve, especialmente sua decisão sobre cortes de juros, serão fundamentais para determinar o rumo do mercado. Enquanto isso, investidores devem permanecer atentos aos dados econômicos e às implicações das políticas comerciais anunciadas por Trump. A cautela será essencial em um ambiente de volatilidade e incertezas globais.