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Taxas dos DIs em alta com dólar e Treasuries em foco

Taxas dos DIs em alta com dólar e Treasuries em foco

Taxas dos DIs em alta com dólar pressionando

As taxas dos DIs em alta marcaram o início da semana, refletindo as tensões no cenário econômico global. A combinação entre o avanço do dólar, a elevação dos yields dos Treasuries e a intensificação das disputas comerciais entre Estados Unidos e China tem gerado volatilidade significativa. Como consequência, os investidores brasileiros se movimentaram de forma cautelosa, principalmente nos contratos de prazos mais longos.

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Durante a segunda-feira, o dólar avançou fortemente ante o real, superando os R$5,90, impulsionado pelo início de novas tarifas comerciais impostas pelos EUA. Ao mesmo tempo, os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano também subiram, reforçando a percepção de risco nos mercados emergentes.

Dólar forte e Treasuries impulsionam taxas dos DIs

O fortalecimento do dólar é um dos principais fatores para as taxas dos DIs em alta. O início da cobrança de tarifas de 10% sobre todas as importações norte-americanas, somado às ameaças do presidente Donald Trump de ampliar ainda mais essas tarifas, impulsionou uma busca por ativos mais seguros. O dólar, naturalmente, se beneficiou.

Além disso, os Treasuries — títulos da dívida dos EUA — também apresentaram rendimentos maiores. Esse movimento reflete tanto a percepção de inflação futura quanto o temor de uma recessão. Como resultado, os contratos de Depósito Interfinanceiro no Brasil acompanharam essa elevação, sobretudo os de prazos mais distantes.

Por exemplo, a taxa do DI para janeiro de 2031 subiu para 14,43%, e a de janeiro de 2033 atingiu 14,54%, ambas em alta significativa em relação ao dia anterior.

Curva curta estável, mas incertezas seguem

Apesar das pressões, a curva de juros mais curta manteve relativa estabilidade. A taxa do DI para janeiro de 2026 encerrou o dia em 14,695%, contra 14,687% na sessão anterior. Já o contrato para janeiro de 2027 ficou em 14,245%, apresentando apenas uma leve variação.

Essa estabilidade é explicada pela expectativa de que o Banco Central brasileiro mantenha uma política monetária firme, mas sem movimentos bruscos. Dados do mercado de opções da B3 apontam para uma alta de 50 pontos-base na Selic na reunião de maio, com probabilidade de quase 59%.

O boletim Focus, divulgado nesta segunda-feira, reforça essa percepção. A projeção da Selic para o fim de 2025 permanece em 15%, com uma queda esperada para 12,5% ao final de 2026.

Guerra comercial amplia a aversão ao risco

A guerra tarifária entre Estados Unidos e China teve novo capítulo nos últimos dias. Trump anunciou que poderá aplicar uma tarifa adicional de 50% sobre produtos chineses, caso a China não recue das tarifas de 34% impostas na semana anterior. A retaliação mútua alimenta a aversão ao risco e pressiona ativos em países emergentes.

Houve ainda um momento de alívio temporário após uma reportagem sugerir que os EUA estudavam uma pausa de 90 dias nas tarifas. Contudo, a Casa Branca desmentiu a informação, classificando a notícia como “falsa”. Imediatamente, o dólar voltou a subir e os DIs retomaram o movimento de alta.

Expectativas para a Selic e projeções do Focus

O cenário inflacionário interno ainda exige atenção, mas não há sinais de descontrole. A inflação projetada para 2025 está em 5,65%, enquanto para 2026 é de 4,50%. Isso justifica, até certo ponto, a manutenção de uma política monetária restritiva por mais tempo.

Para o Copom de junho, as expectativas estão mais divididas. Parte do mercado acredita em manutenção da Selic, enquanto outra parte vê espaço para uma nova alta de 25 pontos-base. Tudo dependerá da evolução dos dados econômicos e, principalmente, do ambiente externo.

Conclusão: Taxas dos DIs em alta mostram cenário volátil

A recente alta nas taxas dos DIs revela o impacto direto das tensões globais sobre os mercados brasileiros. A combinação entre dólar forte, Treasuries em alta e a intensificação da guerra comercial entre EUA e China trouxe instabilidade aos ativos locais.

Ainda que a curva curta permaneça mais estável, os contratos mais longos já antecipam um cenário de maior risco e possível permanência de juros elevados por mais tempo. Com isso, o comportamento das taxas dos DIs em alta deve continuar refletindo não apenas fatores internos, mas, principalmente, o ambiente internacional.

Investidores devem ficar atentos aos desdobramentos da política comercial norte-americana e aos sinais do Banco Central brasileiro nas próximas semanas.


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