Tarifa dos EUA gera alerta em setores da economia
A tarifa dos EUA de 50% sobre produtos brasileiros, anunciada recentemente, provocou forte repercussão entre autoridades econômicas no Brasil. Embora o impacto macroeconômico pareça contido, o Ministério da Fazenda demonstra preocupação com os efeitos sobre setores específicos.
Durante participação no Fórum Jota, realizado em São Paulo, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, destacou que o câmbio se manteve estável mesmo diante do impasse comercial. Ainda assim, ele afirmou que as empresas exportadoras mais dependentes dos Estados Unidos serão diretamente impactadas.
Governo foca nos setores mais atingidos pela tarifa dos EUA
Segundo Mello, o governo está preparando uma resposta técnica e setorial. O foco será nos segmentos com maior exposição às exportações americanas, pois são os que mais correm risco de retração. Embora o impacto geral sobre inflação, emprego e PIB seja reduzido, esses setores exigem atenção imediata.
Além disso, o secretário reforçou que o crédito será um dos instrumentos centrais do pacote de apoio. A ideia é oferecer linhas de financiamento sob medida, com impacto fiscal reduzido. Isso permitirá proteger a competitividade sem comprometer o equilíbrio das contas públicas.
Impacto da tarifa dos EUA vai além dos números
Ainda que os efeitos agregados sejam limitados, o governo reconhece que a tarifa dos EUA carrega implicações estratégicas. Alguns segmentos da indústria nacional podem perder participação de mercado no curto prazo, o que afeta diretamente cadeias produtivas e postos de trabalho.
Nesse contexto, Mello apontou que o Brasil não buscará medidas generalistas, mas ações específicas, calibradas de acordo com a intensidade do impacto em cada setor. Dessa forma, será possível oferecer suporte mais eficiente e rápido.
Política monetária e inflação também preocupam o governo
Durante o evento, o secretário também abordou a meta de inflação de 3%. Segundo ele, essa meta não foi um erro, mas sim uma escolha coerente com o histórico de metas adotadas por governos anteriores. Ele defendeu que uma inflação baixa, mantida de forma contínua, ajuda no processo de desindexação da economia.
Esse processo, embora técnico, é politicamente sensível. Isso porque diversos setores pressionam para que a desindexação ocorra em outros segmentos que não os seus. Contudo, Mello reiterou que a sustentabilidade da inflação é essencial para garantir previsibilidade e competitividade.
Juros elevados ainda preocupam empresários e governo
Outro ponto central da fala de Mello foi a política monetária. Para ele, os efeitos da taxa de juros elevada já estão sendo sentidos antes do previsto. Isso levanta questionamentos sobre o custo-benefício da política atual.
A equipe do ministro Fernando Haddad demonstra preocupação com os efeitos da Selic em 15% sobre a atividade econômica e o emprego. Mello reconheceu que o tema divide opiniões dentro do mercado. Algumas análises sugerem corte ainda este ano, enquanto outras apontam para 2026.
Banco Central mantém tom duro sobre inflação
Antes de Mello, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Diogo Guillen, afirmou que a Selic permanecerá alta por um período prolongado. Essa decisão busca conter pressões inflacionárias persistentes.
O Comitê de Política Monetária (Copom), na última reunião, manteve os juros em 15% de forma unânime. A ata do encontro destacou fatores como mercado de trabalho aquecido, expectativas desancoradas e projeções de preços elevadas como justificativas para manter o ciclo de aperto monetário.
Conclusão
A recente tarifa dos EUA reforça os desafios da economia brasileira em 2025. Apesar de seu impacto macroeconômico ser limitado, ela afeta setores estratégicos, que dependem das exportações americanas. O governo promete respostas setoriais, focadas em crédito e com impacto fiscal controlado.
Ao mesmo tempo, a política monetária segue rígida, com juros elevados por mais tempo. Isso exige uma avaliação constante dos efeitos dessa postura sobre a atividade e o emprego. Em resumo, o cenário atual exige equilíbrio entre política comercial, fiscal e monetária para preservar a estabilidade e a competitividade da economia.
Como a política monetária afeta os juros e a inflação no Brasil