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Reunião entre Rússia e EUA sobre guerra na Ucrânia concentra os holofotes do mercado nesta terça-feira (18); veja mais destaques

Com os mercados globais retomando sua liquidez normal após o feriado nos EUA, o grande foco internacional do dia é a reunião entre Rússia e Estados Unidos na Arábia Saudita para discutir um possível acordo para o fim da guerra na Ucrânia. Na Europa, os ativos operam de forma mista, refletindo a cautela dos investidores diante das incertezas no leste europeu. O desempenho dos mercados asiáticos foi ainda mais fraco, com as ações da região perdendo força após a reunião de Xi Jinping com representantes do setor de tecnologia não gerar o entusiasmo esperado.

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No Brasil, o cenário político segue dominado pelo debate antecipado sobre as eleições de 2026, enquanto os dados de atividade econômica reforçam sinais de desaceleração. Entre as commodities, o petróleo registra leve alta nesta manhã, impulsionado pelo ataque de drones a uma estação de bombeamento na Rússia, que reduziu temporariamente os fluxos de petróleo do Cazaquistão. No entanto, a perspectiva de aumento da oferta global nos próximos meses limita a alta da commodity.

· 00:57 — Entre a perspectiva eleitoral antecipada e a desaceleração da economia

Por aqui, o mercado financeiro recebeu com otimismo os rumores de que o presidente Lula teria sinalizado a aliados a possibilidade de não disputar a reeleição, caso sua saúde não permita (efeito Biden 2.0, como já conversamos). A especulação sobre um possível enfraquecimento do atual mandatário impulsionou os ativos locais, refletindo a expectativa de uma mudança no cenário político. Ao mesmo tempo, o governador Tarcísio de Freitas teria indicado que considera entrar na corrida presidencial, desde que conte com o aval de Jair Bolsonaro, reforçando o tabuleiro eleitoral para 2026.

Embora essa antecipação do debate eleitoral me incomode – afinal, ainda estamos longe da eleição e muita coisa pode mudar –, é fato que Tarcísio, mais cedo ou mais tarde, seria confirmado como o candidato reformista, fiscalmente responsável e pró-mercado do próximo pleito. Eu esperava que essa confirmação ocorresse apenas no último trimestre do ano, mas o mercado já precificou esse cenário. No entanto, essa reação pode ter uma nova fase caso o governo decida contra-atacar com medidas populistas que aprofundem ainda mais o desequilíbrio fiscal – um roteiro semelhante ao que vimos em 2014 com Dilma. Ou seja, o risco é que, diante da perda de popularidade e do enfraquecimento de sua base política, o Planalto dobre a aposta, acelerando políticas de estímulo irresponsáveis para tentar reverter o quadro. O governo parece cada vez mais desnorteado, a ponto de ver aliados históricos se afastando.

Enquanto isso, a economia dá sinais evidentes de desaceleração. O IBC-Br, divulgado ontem (17), veio pior do que o esperado, reforçando a tendência de arrefecimento da atividade econômica. Esse enfraquecimento do crescimento pode limitar a necessidade de um aperto monetário mais agressivo por parte do Banco Central, um fator que pode influenciar os próximos movimentos da política monetária.

· 01:49 — O ajuste

Nos EUA, o presidente Donald Trump e os republicanos no Congresso avançam com mais um pacote de cortes de impostos, mas a realidade fiscal do país se deteriorou significativamente desde a aprovação da reforma tributária de 2017. Naquele ano, o déficit orçamentário era de aproximadamente US$ 665 bilhões. No ano fiscal de 2024, encerrado em setembro, o rombo disparou para US$ 1,83 trilhão, representando um salto de 3,4% para 6,4% do PIB. Esse agravamento torna ainda mais complexa a viabilização de novas reduções tributárias sem cortes expressivos e politicamente sensíveis nos gastos públicos. E os primeiros números de 2025 não são animadores…

Apenas um terço do ano fiscal já foi suficiente para que o déficit aumentasse mais 10%, alcançando US$ 840 bilhões entre outubro e janeiro — um recorde para o período. E isso ocorre em um contexto de forte crescimento econômico, com o PIB avançando 2,8% em 2024 e 2,9% em 2023, números próximos da meta de 3% projetada pelo secretário do Tesouro de Trump, Scott Bessent. Diante desse quadro, Trump depende de uma coesão republicana inédita para aprovar suas propostas fiscais, que devem adicionar trilhões de dólares ao déficit ao longo da próxima década.

Para equilibrar essa equação, o governo aposta em dois eixos principais: o aumento de tarifas comerciais — reforçado pela estratégia de “impostos recíprocos” — e a redução dos gastos, tarefa que foi delegada ao Departamento de Eficiência Governamental de Elon Musk. No entanto, ajustar as contas públicas dessa forma não será um processo indolor. Com um Congresso fragmentado e medidas controversas na mesa, a batalha fiscal da nova administração promete ser um dos grandes temas de 2025.

· 02:33 — Fatiando a Ucrânia

A reunião entre Rússia e Estados Unidos na Arábia Saudita, destinada a discutir um possível acordo para encerrar a guerra na Ucrânia, domina o cenário internacional do dia. No entanto, há um problema evidente: o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky não foi convidado para as negociações e já declarou que não aceitará qualquer resolução imposta sem a participação de Kiev. Paralelamente, a União Europeia ameaça novas sanções contra Moscou, pressionando ainda mais o mercado de petróleo, enquanto a Cúpula em Paris tentou projetar uma unidade entre os desgastados líderes europeus.

À medida que as conversas sobre um possível desfecho para o conflito ganhavam tração na semana passada, um documento foi entregue a Zelensky pelo secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent. Trump propôs que a Ucrânia cedesse aos Estados Unidos cerca de 50% dos direitos sobre seus depósitos de minerais estratégicos como forma de reembolsar o apoio financeiro recebido desde a invasão russa em 2022. Esses minerais de terras raras, avaliados em trilhões de dólares, são essenciais para a fabricação de produtos de alta tecnologia, incluindo veículos elétricos e smartphones.

Zelensky, no entanto, recusou-se a assinar o documento, alegando que a proposta não incluía garantias de segurança suficientes para a Ucrânia a longo prazo. Ainda assim, o presidente ucraniano deixou a porta aberta para novas negociações, o que sugere que um acordo pode eventualmente ser fechado em termos mais favoráveis para Kiev. O interesse dos EUA nesses minerais não é surpresa. Com a crescente demanda global por eletrificação e tecnologia de ponta, garantir acesso a um dos maiores depósitos de terras raras do mundo pode se tornar um dos principais pilares da estratégia econômica e geopolítica de Washington.

· 03:21 — Energia nuclear francesa

A França está determinada a se consolidar como um polo de inovação em inteligência artificial, e a energia nuclear pode ser o elemento-chave dessa estratégia. O governo francês anunciou um ambicioso pacote de investimentos de US$ 113 bilhões voltado para o avanço da IA, garantindo que essa revolução tecnológica seja impulsionada por uma infraestrutura energética robusta e sustentável. Para isso, a iniciativa contará com 1 gigawatt de energia nuclear dedicada exclusivamente ao fornecimento de eletricidade para data centers e operações de IA. O projeto será liderado pela empresa britânica de data centers FluidStack e está previsto para iniciar a construção no terceiro trimestre de 2025. A escala da iniciativa busca rivalizar com o Stargate, megaprojeto apoiado pelo governo dos EUA para expandir a capacidade computacional da OpenAI, um dos principais nomes da corrida global pela supremacia em inteligência artificial.

A França não foi escolhida por acaso para essa iniciativa. O país se destaca como um dos maiores produtores de energia nuclear do mundo, operando 57 reatores distribuídos em 18 usinas, responsáveis por aproximadamente dois terços de sua matriz energética. Esse domínio sobre a energia nuclear confere à França um diferencial estratégico, permitindo que grandes projetos de alto consumo energético sejam viabilizados sem comprometer a segurança do fornecimento interno. No entanto, por mais ambiciosa que seja essa aposta, é improvável que ela seja suficiente para colocar a Europa no mesmo ritmo das potências globais nessa corrida tecnológica. Enquanto os investimentos europeus ainda buscam ganhar tração, os EUA e a China já operam em velocidade máxima, consolidando uma vantagem difícil de ser revertida.

· 04:15 — O problema alemão

Trump aumentou a pressão sobre o governo alemão ao ameaçar impor tarifas sobre automóveis, uma jogada estratégica feita a poucos dias da eleição de 23 de fevereiro. Essa ameaça chega em um momento particularmente delicado para a maior economia da Europa, que já enfrenta um crescente pessimismo sobre seu futuro econômico.

Na semana passada, um levantamento realizado pela Câmara de Comércio e Indústria da Alemanha, com 23 mil empresas, traçou um cenário preocupante: a previsão de um terceiro ano consecutivo de retração da produção, evidenciando as dificuldades persistentes do país em retomar o crescimento. O fracasso do chanceler Olaf Scholz em reverter essa crise econômica tornou-se uma das principais preocupações dos eleitores, mesmo que a questão da imigração continue sendo um dos temas centrais.

Diante desse cenário, a ascensão de Friedrich Merz, líder dos conservadores, parece cada vez mais provável. Ele desponta como o sucessor natural de Scholz, capaz de liderar uma nova coalizão em meio a um ambiente econômico e político extremamente desafiador. O próximo governo herdará uma economia enfraquecida, uma população inquieta e um cenário geopolítico tenso, fatores que exigirão decisões rápidas e estratégicas para evitar um declínio ainda maior.

· 05:09 — Abrindo espaço nos EUA

A Taiwan Semiconductor Manufacturing Company (TSMC34) está considerando adquirir uma participação majoritária nas fábricas da Intel nos EUA, em resposta a um pedido direto da administração Trump. O governo norte-americano busca reforçar a produção doméstica de semicondutores de ponta, garantindo a liderança tecnológica dos EUA em um setor cada vez mais estratégico…

O post Reunião entre Rússia e EUA sobre guerra na Ucrânia concentra os holofotes do mercado nesta terça-feira (18); veja mais destaques apareceu primeiro em Empiricus.