Milei Anuncia Orçamento 2025 com Corte de Déficit
Na noite de domingo, o presidente da Argentina, Javier Milei, apresentou ao Congresso o orçamento 2025 da Argentina, destacando sua determinação em vetar leis que julgar considerar deficitárias. O objetivo principal é zerar o déficit fiscal do país através da redução do financiamento do Estado. No seu discurso, exibido em cadeia nacional, Milei afirmou: “O déficit sempre foi consequência de pensar primeiro quanto gastar e depois ver como financiar. Nós vamos fazer ao contrário: pensando primeiro em quanto temos que poupar, para depois ver quanto podemos gastar.”
Objetivos e Projeções do Orçamento 2025
O orçamento para 2025 contempla um crescimento econômico projetado de 5%, superando as expectativas de 3,5% definidas pelo FMI em julho. Além disso, o plano inclui uma meta ambiciosa de redução da inflação, que deverá cair de 236% para apenas 18% ao ano. Esses objetivos são apresentados como parte de uma estratégia abrangente para estabilizar a economia e restaurar a confiança dos investidores.
Contexto Político e Reações
Este é um momento histórico, pois é a primeira vez que um presidente argentino apresenta o orçamento diretamente ao Congresso. No entanto, o evento foi marcado pela ausência de muitos legisladores da oposição, que descreveram a apresentação como uma “encenação”. O governo de Milei, que atualmente possui minoria tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado, enfrentou derrotas importantes recentemente. A anulação de um decreto que concedia despesas reservadas ao serviço de inteligência estatal e a aprovação de uma lei que atualiza o orçamento universitário foram dois reveses significativos. Milei anunciou que vetará a lei universitária por considerá-la deficitária.
Desafios e Críticas ao Orçamento
O governo conseguiu recentemente manter o veto ao aumento das pensões, apesar de uma sessão marcada por grandes manifestações nas imediações do Congresso. Milei destacou a importância do equilíbrio fiscal e afirmou: “Vetaremos todos os projetos que atentem contra o equilíbrio fiscal, porque não seremos cúmplices de fraudar o povo argentino para tomar uma medida populista.” No entanto, críticos, como o deputado opositor Leandro Santoro, alegam que o presidente não demonstra preocupação com a população.
No primeiro semestre de 2024, o governo argentino registrou um superavit fiscal de 0,4% do PIB, apesar de uma queda acentuada no consumo, que caiu mais de 15% desde o início do ano. A inflação continua alta, atingindo 236% ao ano, e quase metade da população vive na pobreza. Milei afirmou que o governo fez “o maior ajuste na história da humanidade,” uma declaração que foi recebida com ceticismo por muitos analistas econômicos.
Expectativas Futuras e Análise
O discurso de Milei, que durou quase 30 minutos, reafirmou sua visão de um Estado nacional centrado na macroeconomia e na segurança. Ele argumentou que “o fundamental que um Estado nacional deve fazer é assegurar a estabilidade macroeconômica, as relações exteriores e o império da lei.” A proposta orçamentária inclui uma previsão de inflação de 104% para 2024, com a meta de reduzir a inflação para 7,4% ao ano até 2027. Entretanto, economistas como Haroldo Montagú e Fernando Marull expressaram dúvidas quanto à realização dessas metas, mencionando a necessidade de ajustes nos preços e a falta de credibilidade das previsões de superavit de dólares.
Conclusão
O orçamento 2025 da Argentina apresentado por Javier Milei visa implementar um corte significativo do déficit fiscal, ao mesmo tempo que projeta um crescimento econômico robusto e uma redução da inflação. No entanto, o orçamento enfrenta desafios políticos e críticas, com a viabilidade das metas econômicas sendo questionada por especialistas. O exame detalhado da proposta pela comissão de orçamento da Câmara dos Deputados será crucial para determinar o sucesso ou fracasso deste ambicioso plano econômico.
Impacto das Reformas Econômicas na Estabilidade Fiscal da Argentina