Mesmo com níveis baixos de expectativa, nosso governo tem conseguido frustrar o mercado, com semanas de especulações e vazamentos do que seria o pacote de cortes de gastos públicos.
Segundo o ministro Haddad, quem baterá o martelo do pacote final será o presidente Lula, que hesita, tentando conciliar os seus dois lados irreconciliáveis: o líder pragmático com o militante de esquerda.
Com pouca convicção sobre o que precisa ser feito, o governo parece encontrar pretextos para justificar a procrastinação em anunciar o que todos esperam.
Depois de esperarmos o final do segundo turno das eleições municipais, tivemos que assistir ao casal presidencial recepcionar os importantes convidados do G20 no Rio de Janeiro.
Os céticos já consideram o risco de Lula deixar o anúncio para as resoluções de início de ano, juntando com aquela dieta balanceada e as sonhadas férias com Janja em Havana.
Até lá, seguimos sofrendo com a perspectiva de uma ceia de Natal cara, com o nosso Real firme no Z4 da tabela.
Ainda bem que a Empiricus tem outras recomendações em mercados que não padecem das mesmas mazelas que pesam sobre os ativos domésticos.
Quem esperava o impacto positivo da vitória de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos no mercado de criptomoedas não se decepcionou.
Impulsionada pelas promessas de Trump de transformar os EUA na “capital mundial das criptomoedas” e sua sugestão de criar uma reserva nacional de Bitcoin, a principal criptomoeda experimentou uma valorização expressiva, chegando a US$ 99.000 enquanto escrevo esta newsletter.
Recordo-me de quando abrimos, em 2017, nossa pioneira recomendação de compra, e o Bitcoin era negociado pouco acima dos 3 mil dólares. Recebemos fortes críticas, acusando-nos de incentivar brasileiros a comprar um ativo “sem lastro”.
Desde então, passamos a observar um formidável processo de institucionalização das criptomoedas, com os maiores players do mercado financeiro, como as gigantes americanas BlackRock e Fidelity apostando fortemente em ETFs de Bitcoin e outras soluções voltadas para grandes investidores.
Assim, o outsider Bitcoin assume cada vez mais seu protagonismo dentro do sistema que se propunha a subverter.
A nomeação nesta semana de Howard Lutnick, CEO da corretora Cantor Fitzgerald e grande entusiasta das criptomoedas, como o novo secretário de comércio americano, deu prova ao apoio de Trump às moedas digitais, que inclusive vem considerando a ideia de criar um cargo executivo para cuidar exclusivamente do tema.
Além dos Estados Unidos, o cenário global atual, marcado por tensões geopolíticas e econômicas, faz do investimento em criptomoedas uma solução natural.
A descentralização permite transações globais sem interferências governamentais, enquanto ativos como o Bitcoin funcionam como reservas de valor em países com alta inflação ou moedas instáveis.
Por debaixo desse panorama positivo, há uma mudança estrutural que promete sustentar a demanda por cripto no longo prazo, dando razão aos seus defensores mais entusiasmados:
De acordo com o estudo da BofA Private Bank Wealth, 28% dos investidores entre 21-43 anos veem as criptomoedas como a maior oportunidade de crescimento, superando ações tradicionais (14%) e até mesmo investimentos em empresas privadas.
As novas gerações, que serão os grandes investidores do futuro, já incorporaram com naturalidade as moedas digitais em seu portfólio e nada leva a crer que deixarão de fazê-lo quando passarem a acumular capital em seus anos futuros.
Parafraseando Victor Hugo, nada mais forte do que a ideia cujo tempo chegou.
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