Enquanto envelhecemos, perdemos o senso da realidade.
Ou será que a realidade é que está se desgarrando dos bons costumes?
Esta história de “contrato de namoro”, por exemplo; não consigo entender, por mais que me esforce para abrir a cabeça em relação aos novos tempos.
Pelo que eu pude apurar com a ajuda do Dr. Fogaça, as partes assinam o contrato para formalizar um relacionamento afetivo.
Já me parece meio estranho que um namoro dependa de formalização. Na minha leiga concepção, todo o contexto do namoro era justamente o de ter experiências informais antes de partir (ou não) para algo mais sério.
Mas até aí, dá para encarar de alguma maneira. Imagino que algum advogado tenha concebido a ideia, e os advogados possuem a rara habilidade de criar sua própria demanda.
Já o próximo passo me parece menos intuitivo, pois o contrato de namoro serve para deixar bem claro que NÃO existe uma união estável entre o casal.
Ou seja, você assina um contrato de relacionamento para garantir que não existe relacionamento algum!
Só eu aqui acho isso estranho?
Como funcionaria na prática?
A – Oi, Mozão! Tudo bem? Feliz Dia dos Namorados!
B – Feliz Dia dos Namorados! Que sorriso é esse no seu rosto, hein? Eu te conheço! Você tem uma surpresa para mim?
A – Opa, podemos chamar de surpresa sim! Veja aí no celular, mandei no seu email pelo LoveSign.
B – Uau, que tecnológico!
B – Contrato de namoro? O que é isso?
A – Ah, é só pra a gente formalizar esta coisa tão bonita que existe entre nós, né?
B – Tipo um primeiro passo para algo maior?
A – Tipo isso.
B – E o que é esse trecho aqui na última página falando que não implica união estável?
A – É isso aí, né? Nosso amorzão não é aquele marasmo, de estabilidade, todo dia a mesma coisa. É um lance quente, né? Fogoso! Você já reparou em fogo aceso? A chama nunca fica parada, mexe prum lado, pro outro, é instável pra caralho.
B – O quê? Você acha que eu sou trouxa? Pra mim já era, está tudo acabado entre nós. Não tem porra de contrato de namoro, não tem mais relacionamento algum.
A – Caraca, bem que o advogado falou.
O post O que nos separa, agora, é uma mera questão contratual apareceu primeiro em Empiricus.