A semana mais importante do ano enfrentou três tempestades de peso: as eleições nos EUA, diversas decisões de política monetária, incluindo Brasil e EUA, e o avanço acima do esperado do IPCA em outubro.
No cenário americano, o Comitê de Política Monetária do Federal Reserve (FOMC) desacelerou a magnitude do corte e reduziu a taxa de juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, ajustando-a para o intervalo de 4,50% a 4,75% ao ano, como já era amplamente esperado pelo mercado.
Corte de juros nos EUA dentro do esperado e Powell fala em níveis condizentes
O comunicado trouxe poucas alterações em relação à decisão passada e continuou salientando que os riscos para a inflação e o emprego seguem equilibrados, evitando mencionar os efeitos das catástrofes climáticas no mercado de trabalho.
O comitê não deixou uma prescrição futura (forward guidance) clara e manteve a orientação de que os ajustes adicionais seguem dependentes dos dados macroeconômicos que serão divulgados nas próximas semanas.
Na coletiva de imprensa, o presidente do Banco Central dos EUA, Jerome Powell, afirmou que a medida de núcleo de inflação excluindo serviços de habitação estão em níveis condizentes com uma inflação de 2% ao ano. Ainda sobre a inflação de habitação, Powell disse que os novos aluguéis já indicam uma pressão inflacionária bem menor e que, portanto, o indicador deve convergir para níveis condizentes com a meta do Banco Central nas próximas leituras.
De maneira geral, o discurso de Powell foi marginalmente brando (dovish), o que nos indica que o cenário mais provável é de que haja mais uma redução de 25 pontos-base no Fed Funds na reunião de dezembro.
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Taxa Selic sobe e aguardamos planos de ajuste fiscal
Seguindo na linha contrária, o Banco Central do Brasil (BCB) elevou, na quarta-feira (6) a taxa Selic para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime, com o ajuste de 50 pontos-base já antecipado em nosso relatório da semana passada.
O comunicado manteve um tom firme (hawkish), conforme esperado, destacando as questões fiscais, que continuam sendo o principal fator de pressão sobre os prêmios de risco.
Nessa linha, houve sinalização de que, além de apresentar planos de ajuste fiscal, é importante que o governo também avance na implementação dessas medidas.
Inflação desancorada: até onde a Selic vai subir?
Além disso, o comunicado destacou uma inflação desancorada tanto para 2024 quanto para 2025. No horizonte relevante da política monetária, essa preocupação se estende agora do primeiro trimestre de 2026 para o segundo.
Embora o Banco Central não tenha se comprometido com um forward guidance indicando ajustes específicos ou a duração exata do ciclo de alta, as projeções de inflação apresentadas no comunicado indicam a necessidade de um ciclo de alta mais agressivo do que o relatório Focus indicava até então.
Não por coincidência, vimos diversos agentes de mercado revisando suas estimativas de Selic terminal para cima de 13% ao ano e o mercado passando a precificar mais um aumento do ritmo de alta da Selic na próxima reunião.
Na ata do Copom divulgada nesta manhã, a principal mensagem do comitê foi destacar a necessidade de estabilização fiscal e a reancoragem das expectativas de inflação no curto prazo, que tem se mostrado cada vez mais descolada do teto da meta.
O comitê ainda destacou que a redução dos gastos fiscais pode, inclusive, ser indutor de crescimento no médio prazo, devido aos efeitos de queda das taxas futuras nas condições financeiras. Além disso, o comitê afirmou que “uma deterioração adicional das expectativas pode levar a um prolongamento do ciclo de aperto de política monetária” e reconheceu que diversos fatores que vinham contribuindo para o processo desinflacionário estão se dissipando.
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Outros dados econômicos relevantes
Nessa linha, o IPCA de outubro divulgado na última sexta-feira (8) ficou levemente acima da mediana das expectativas dos analistas de mercado.
O índice de inflação registrou uma alta mensal de 0,56%, acima da expectativa de 0,54% (m/m). Em termos anuais, a inflação acelerou para 4,76%, versus a mediana das projeções de 4,74% (a/a), puxada principalmente por itens mais voláteis.
O núcleo do indicador cheio e o núcleo de serviços permanecem elevados embora a leitura de outubro tenha compensado parte da surpresa de alta do mês anterior. Em números, o núcleo apresenta um patamar anualizado e dessazonalizado de 5,6% m/m e uma média de 4,6% nos últimos três meses.
No grupo de serviços, o destaque foi a contribuição de cinema que reverteu grande parte da queda dos preços de setembro. O grupo de alimentos mostrou alta significativa e deve continuar sob pressão devido, principalmente, às questões climáticas. Vale ainda destacar o efeito do câmbio depreciado na inflação dos itens comercializáveis.
Olhando para frente, a nossa expectativa é de que o IPCA termine em cerca de 4,8% a/a. Em relação à política monetária, a contínua incerteza em relação aos gastos do governo devem levar a uma nova aceleração (para 75 bps) no ritmo de alta da Selic ainda neste ano.
Continuamos dando preferência aos títulos pós-fixados.
Cardápio da semana: 3 títulos para investir
Características da LCA pós-fixada do BTG Pactual | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AAA (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | BTG Pactual |
Aplicação mínima | R$ 500,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 12/11/2025 (365 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 94,00% do CDI |
Tributação | Isenta |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h45 |
Características do CDB pós-fixado do Banco Sofisa com liquidez diária | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AA- (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Banco Sofisa |
Aplicação mínima | R$ 1,00 |
Aplicação máxima | – |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 16/11/2027 (1099 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 110,00% do CDI |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | Liquidez diária |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 22h |
Características do CDB pós-fixado do Paraná Banco | |
Classificação de risco da instituição | Fitch: AA- (bra) |
Público-alvo | Investidores em geral |
Onde encontrar | Paraná Banco |
Aplicação mínima | R$ 100,00 |
Aplicação máxima | R$ 150 mil |
Liquidação | D+0 |
Vencimento (prazo) | 03/11/2026 (721 dias corridos) |
Rentabilidade anual | 125,00% do CDI |
Tributação | 15% |
Pagamento de juros | No vencimento |
Resgate | No vencimento |
Garantias | Fundo Garantidor de Créditos (FGC) |
Horário limite de aplicação | 17h |
As taxas e vencimentos do títulos indicados nas tabelas acima são referentes ao dia 12 de novembro de 2024 e, portanto, são válidos apenas para o dia de hoje (12).
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