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Jerome Powell se mostra positivo para o corte de juros nos EUA em setembro: as preocupações acabaram? Entenda por que não

Jerome Powell falou tudo o que o mercado queria ouvir: o presidente do Banco Central dos EUA se mostrou positivo em relação à próxima decisão da política monetária do país em setembro.

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No Simpósio Econômico de Jackson Hole, realizado pelo Federal Reserve de Kansas City, o discurso feito por Powell mostrou a mudança de pensamento do mandatário do Fed em relação ao próximo passo na taxa de juros dos Estados Unidos.

“Os últimos dados econômicos apontam para uma inflação mais próxima da meta e o mercado de trabalho já não seria um fator importante de pressão inflacionária”, comenta Enzo Pacheco, analista de ações internacionais da Empiricus Research. 

Se tudo correr como previsto, este cenário deverá ser muito benéfico aos ativos de maior risco, como a renda variável. Na sexta-feira (23), após o posicionamento de Powell, o Ibovespa fechou em alta de 0,32%, aos 135.608,47 pontos, enquanto o dólar caiu 1,97%, cotado a R$ 5,47, considerada a maior baixa diária neste ano.

Nesta segunda-feira (26), o Ibovespa continua no verde, por volta de 136.939,48 pontos (alta de 0,98%), às 14h30.

Piora em dados de emprego ainda estão no radar do Fed

Em seu discurso, o presidente do BC americano ressaltou que a taxa de desemprego ainda é uma preocupação. O indicador está baixo para os padrões históricos (4,3%), mas com um aumento de quase 1 ponto percentual desde o início de 2023  — com boa parte da alta concentrada nos últimos 6 meses.

“A ressalva neste caso é que essa piora no indicador de emprego está associada com um aumento da força de trabalho e no menor ritmo de contratações por parte das empresas, e não um maior nível de demissões, como ocorre em momentos de maior estresse na economia”, explica Pacheco. 

Na visão do analista, estes indicadores do mercado de trabalho refletem uma aproximação aos níveis de antes da pandemia. Isso poderia sinalizar, segundo ele, que a inflação estaria se encaminhando para atingir a meta definida pelo Fed de 2% ao ano.

Powell, sobretudo, se mostrou otimista quanto ao controle da inflação na maior economia do mundo. A seguir, um trecho traduzido de seu discurso em Jackson Hole:

“Faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para apoiar um mercado de trabalho forte à medida que avançamos no sentido da estabilidade de preços. Com uma redução adequada da política monetária, há boas razões para pensar que a economia regressará a uma inflação de 2%, mantendo ao mesmo tempo um mercado de trabalho forte. O nível atual da nossa taxa básica nos dá ampla margem para responder a quaisquer riscos que possamos enfrentar, incluindo o risco de um enfraquecimento adicional indesejável das condições do mercado de trabalho”, afirmou o dirigente de política monetária americana. 

0,25% ou 0,50%: o tamanho do corte ainda é um mistério

Apesar da sinalização positiva, o tamanho do corte de juros ainda é incerto. Alguns analistas do mercado já apostam em uma redução de 0,50 ponto percentual (p.p.), outros mais conservadores estão na casa de 0,25 p.p. Atualmente, a taxa reside em 5,25% a 5,50% por ano, o maior nível das taxas desde 2001.

Um corte maior, na perspectiva de Pacheco, apontaria uma boa oportunidade para os ativos de risco crescerem – principalmente aqueles atrelados à taxa de juros, como empresas small caps.

“Só que também é importante ter em mente que uma redução desse porte estaria atrelado a uma piora do mercado de trabalho, o que poderia impactar a atividade da economia como um todo”, relembra Pacheco. 

Um corte nos juros, com tendência de estimular a economia, pode levar também a um aumento no nível de preços. “Caso a inflação volte a acelerar, não se pode descartar uma redução no ritmo de cortes ou, até mesmo, paralisação ou novos aumentos na Fed Funds Rate”, explica Pacheco. 

Para ele, existem duas formas principais dessa situação se desenrolar. Na primeira, o Fed consegue fazer o “pouso suave” na economia americana, com as empresas mais tradicionais reportando melhores retornos do que as companhias de tecnologia. No segundo cenário, caso o pouso não seja tão suave assim, as ações das Big Techs podem amenizar um período mais difícil para os ativos de risco.

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