A economia americana vai muito bem, obrigado.
Seguimos acompanhando o cenário base de soft landing ou goldilocks – como preferir.
Com a trajetória recém-inaugurada pelo Fed para uma queda sustentável dos juros, as perspectivas parecem ainda mais animadoras para os próximos 12 a 18 meses.
Ainda assim, porém, persiste um certo incômodo, quase inefável, difícil de racionalizar até aqui.
Não é bem um pessimismo, mas talvez um ímpeto de precaução.
Seria possível capturar essa pequena amostra de ceticismo com os EUA, fazendo-a emergir de seu estado tácito?
Talvez sim.
Em meio à fartura de indicadores de atividade e inflação sugerindo bons sinais vitais, desponta um certo estranhamento no fato de que Warren Buffett parece estar se preparando para tempos piores à frente.
Nos últimos meses, a Berkshire decidiu reduzir substancialmente sua exposição em vários generais da Bolsa americana, despertando a natural indagação: por que o papa do buy & hold faria um movimento cavalar de de-risk bem às vésperas de um ciclo de flexibilização monetária?
Mesmo que os motivos não sejam os mesmos, a atitude de Buffett incita analogias com decisões tomadas pela Berkshire antes do estouro da bolha pontocom nos anos 2000.
À época, Buffett assumira uma postura bastante vocal em relação aos exageros de valuation para empresas de internet, que acabariam por convergir rumo à exuberância irracional posteriormente cunhada por Alan Greenspan.
Desta vez, porém, o sábio de Omaha parece ter optado por uma abordagem mais low profile.
Buffett tem falado pouco sobre o assunto, provavelmente por conta das pesadas críticas que recebeu em 1999, quando os pseudogurus do Vale do Silício declararam que ele estava velho demais para as novas tendências de investimento.
Ou talvez por entender que a dimensão objetiva dos seus atos supera em muitas vezes qualquer possível exercício de argumentação.
Opinião sem exposição não vale nada, mas exposição sem opinião pode valer mais do que os múltiplos inflados de uma bolha.
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