O mercado financeiro tem acompanhado as recentes medidas e declarações do presidente Lula com o sinal de alerta ligado. Com as pesquisas recentes indicando a maior rejeição do petista em sua história na presidência, o medo de que Lula “dobre a aposta” em relação aos gastos públicos e pressione a inflação tem feito parte dos debates dos analistas da Faria Lima.
Na tarde da última segunda-feira (24), Lula afirmou que “o que roda a economia é dinheiro na mão do povo” e para “não acreditar nessa bobagem da macroeconomia”.
Horas depois, em pronunciamento em rede nacional, Lula anunciou o pagamento da primeira parcela aos jovens do programa Pé-de-Meia a partir desta terça (25) e a gratuidade de todos os 41 remédios do programa Farmácia Popular.
Além disso, o presidente prepara uma Medida Provisória para liberar o FGTS aos trabalhadores demitidos que aderiram à modalidade do Saque-Aniversário, medida que deve injetar entre R$ 10 bilhões e 15 bilhões na economia.
Lula também prometeu ampliar o Auxílio Gás para cerca de 22 milhões de famílias. Adicionalmente, depois do carnaval é esperada outra MP para facilitar o acesso ao crédito consignado no setor privado.
Analista diz que medidas de Lula são ‘tiro no pé’ e geram mais inflação
Na visão do analista de macroeconomia da Empiricus, Matheus Spiess, o discurso e as medidas de Lula refletem o “desespero com a queda de popularidade” e são um “tiro no pé”.
Segundo o analista, ao colocar mais dinheiro na economia para minimizar a alta dos preços, o governo gera ainda mais a inflação. “É um ciclo perverso. O governo está tentando empurrar o problema com a barriga e não vai funcionar”.
“É um trabalho contraproducente ao do Banco Central. O BC eleva juros para controlar a inflação e o governo joga dinheiro na economia para minimizar danos na atividade. Não vai funcionar. Parece populismo, um viés eleitoreiro e prejudicial para a formação de expectativas”, avalia o analista.
A percepção negativa do mercado sobre a inflação é exemplificada pelo Relatório Focus da última segunda-feira (24). As expectativas para o acumulado do IPCA em 2025 subiram de 5,5% para 5,65%.
O analista diz ainda não tirar os méritos dos programas e medidas sociais, como o Pé-de-Meia e o Farmácia Popular. Por outro lado, ele enxerga que o momento é de medidas concretas para conter a dívida pública.
“Todas as medidas propostas devem pressionar os preços no momento em que o mercado gostaria que eles fossem controlados. Quem está fazendo esse trabalho é o BC, porque o governo fracassou quando apresentou, no ano passado, um plano pouco crível em relação ao cumprimento do arcabouço fiscal”, disse o analista.
Sobre o início de ano positivo do Ibovespa – o índice sobe mais de 4% em 2025 –, Spiess avalia que isso não se deve a uma atuação do governo, mas a uma melhora dos ativos estrangeiros “além da piora da popularidade do presidente, o que aumenta a chance de mudança de pêndulo político em 2026”.
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