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Falência da GAS Consultoria e o golpe do Faraó dos Bitcoins

Falência da GAS Consultoria e o golpe do Faraó dos Bitcoins

A falência da GAS Consultoria foi decretada pela Justiça do Rio de Janeiro, encerrando, assim, um dos maiores esquemas de pirâmide financeira já registrados no Brasil. Com promessas atrativas de lucros constantes e investimentos em criptomoedas, a empresa conseguiu atrair milhares de brasileiros. Como resultado, muitos desses investidores viram suas economias desaparecerem rapidamente. Liderada por Glaidson Acácio dos Santos, conhecido como “Faraó dos Bitcoins”, a GAS Consultoria movimentou bilhões de reais de forma irregular e, além disso, sem qualquer respaldo legal.

A falência da GAS Consultoria e o esquema do Faraó dos Bitcoins

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O juiz Arthur Eduardo Magalhães Ferreira, da 5ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro, foi, portanto, o responsável por decretar a falência da GAS Consultoria. Essa decisão, por sua vez, se baseou em provas contundentes que demonstraram que a empresa funcionava como uma pirâmide financeira. Além disso, apesar de prometer lucros mensais de até 10% por meio de investimentos em criptomoedas, a organização não possuía registro nem autorização para operar no mercado financeiro nacional.

Durante seis anos, Glaidson e sua esposa, Mirelis Zerpa, movimentaram cerca de R$ 38 bilhões. A empresa usava uma estrutura profissional de marketing para atrair esses valores, reforçando a ideia de investimento seguro e rentável. Internamente, a GAS Consultoria operava de forma questionável, sustentando-se com o ingresso constante de novos investidores — uma característica típica de esquemas de pirâmide.

A promessa de altos retornos mensais funcionava como isca. Muitas pessoas investiram todas as suas economias, acreditando na ilusão de um rendimento garantido. No entanto, à medida que a entrada de novos investidores diminuiu, o colapso se tornou inevitável.

Dívidas bilionárias e impacto nos credores

De acordo com o último relatório da administração judicial, a GAS Consultoria possui dívidas que ultrapassam os R$ 3,8 bilhões. Mais de 62 mil pessoas apresentaram documentação válida à Justiça para tentar recuperar parte dos valores investidos.

Entre esses credores, 5% são responsáveis por aplicações superiores a R$ 200 mil, representando 39% do valor total devido. Por outro lado, a maioria, composta por 74% dos credores, investiu até R$ 50 mil, o que representa 26% da dívida total.

A falência da GAS Consultoria afetou profundamente famílias em várias regiões do país. Além disso, muitos investidores decidiram aplicar seus recursos tanto por influência de conhecidos quanto ao serem impactados por publicações nas redes sociais. Da mesma forma, a falta de fiscalização, juntamente com a credibilidade aparente da empresa, facilitou significativamente a expansão do golpe.

A operação Kryptos e a prisão de Glaidson

O esquema foi desarticulado pela Polícia Federal na Operação Kryptos, realizada em agosto de 2021. A investigação contou com a colaboração do Ministério Público Federal e resultou na prisão de Glaidson Acácio dos Santos em um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro.

Durante a operação, a Polícia Federal apreendeu cerca de R$ 150 milhões em criptomoedas, em uma das maiores ações do tipo já registradas no Brasil. O relatório revelou detalhes impressionantes, como a descoberta de um pen drive com grande quantidade de ativos digitais.

Em outubro do mesmo ano, a Justiça transformou Glaidson, Mirelis e outros 15 suspeitos em réus por gestão fraudulenta, operação de instituição financeira sem autorização e organização criminosa. Atualmente, Glaidson cumpre pena no presídio federal de Catanduvas, no Paraná, enquanto as autoridades prenderam Mirelis nos Estados Unidos em 2024, após dois anos foragida.

A condenação e o futuro dos envolvidos

A Justiça brasileira segue julgando os envolvidos, que respondem por crimes graves ligados à gestão financeira irregular. A expectativa é usar os bens apreendidos para ressarcir parte das dívidas com os credores. No entanto, especialistas alertam que recuperar todos os valores será praticamente impossível, especialmente para os pequenos investidores.

A falência da GAS Consultoria serve como lição sobre a importância de se verificar a idoneidade de empresas que operam no mercado financeiro, sobretudo aquelas que atuam com criptomoedas e prometem retornos acima da média.

A lição para investidores de criptomoedas

O caso da GAS Consultoria é um exemplo claro de como promessas de lucros fáceis podem levar a prejuízos irreparáveis. O uso de termos técnicos, a aparente sofisticação da operação e a ausência de uma regulação rígida permitiram que a fraude prosperasse por anos.

Investidores devem sempre buscar empresas autorizadas e transparentes. Além disso, é essencial compreender que criptomoedas são ativos de risco, e que nenhuma aplicação séria oferece retornos garantidos. A falência da GAS Consultoria reforça a importância da educação financeira e da cautela no mundo dos investimentos digitais.

Conclusão

A falência da GAS Consultoria expôs as vulnerabilidades do mercado de criptomoedas quando operado fora dos limites legais. Glaidson, o chamado “Faraó dos Bitcoins”, construiu um império baseado em falsas promessas e acabou gerando prejuízo bilionário para milhares de brasileiros. O caso serve de alerta para que investidores estejam mais atentos à legalidade das empresas e à viabilidade dos lucros prometidos. A prevenção e o conhecimento são as maiores armas contra fraudes financeiras como essa.


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