Os empresários e consumidores americanos começaram o ano otimistas, acreditando que as taxas de juros finalmente cairiam, permitindo grandes planos de compras e investimentos. No entanto, essa esperança foi frustrada, e muitos projetos estão suspensos, o que pode levar a uma desaceleração em setores chave da economia nos próximos meses.
Investimentos em Espera e Decisões Difíceis
Em Michigan, uma fabricante de ferramentas de corte adiou planos de investir até US$ 1 milhão em novos equipamentos este ano. Em Atlanta, uma fabricante de máquinas para trabalhar madeira relata que clientes estão prolongando a vida útil dos equipamentos existentes.
Com a queda da inflação estagnada no início do ano e as autoridades do Federal Reserve mantendo as taxas de juros no nível mais alto em 23 anos, empresas foram forçadas a repensar seus investimentos em despesas de capital, estoques e contratações. Na próxima reunião de política monetária do Fed, espera-se que os juros sejam mantidos novamente estáveis.
Impactos nos Dados Econômicos
A S&P Global Market Intelligence projeta um aumento de apenas 3,9% nos investimentos de capital no setor industrial este ano, abaixo da estimativa de 6,7% em janeiro. Os pedidos de recuperação judicial de empresas nos EUA aumentaram em mais de 40% no ano passado até o final de março, enquanto os pedidos pessoais aumentaram 15%, segundo o Administrative Office of the US Courts.
Incerteza e Pressão Global
A decisão do Fed de manter as taxas de juros elevadas por mais tempo do que o esperado semeia incertezas globais, pressionando consumidores endividados e atrasando compras de imóveis. Patrick Curry, presidente da Fullerton Tool em Michigan, compartilha que a empresa adiou cerca de US$ 1 milhão em investimentos devido às taxas elevadas.
A previsão do ISM de 15 de maio indica que os líderes empresariais esperam um aumento de apenas 1% nas despesas de capital este ano, abaixo da estimativa de dezembro de 2023 de quase 12%. Investidores precificam cerca de 1,5 corte nas taxas de juros este ano, com a expectativa de que o Fed comece a cortar as taxas por volta de setembro, o que pode impulsionar os investimentos na segunda metade do ano.
Realidade no Setor de Pequenas Empresas
Em Atlanta, a SCM North America, fabricante de máquinas para trabalhar madeira, observa que enquanto grandes clientes continuam comprando, clientes menores estão prolongando a vida útil dos equipamentos antigos. Blair Chandler, gerente de financiamento e leasing de equipamentos, destaca que pequenas empresas estão investindo em manutenção em vez de novas aquisições.
Pequenas empresas enfrentam pressão das altas taxas de empréstimo, inflação e aumento dos salários. Em maio, cerca de 6% das pequenas empresas identificaram o financiamento como o principal problema de seus negócios, a maior proporção em quase 14 anos, segundo a National Federation of Independent Business. As taxas de inadimplência de empréstimos para pequenas empresas atingiram 3,2% em abril, igualando seu nível mais alto em uma década.
Impacto no Setor Imobiliário
O setor imobiliário também sofre com as altas taxas de juros. Peter Newlin, diretor do Gastamo Group, uma empresa de restaurantes em Denver, relata que as taxas de empréstimo da empresa dobrarão para até 8%, impactando significativamente os custos com empréstimos de até US$ 3 milhões. Em Tampa, Flórida, Dilip Kanji, proprietário da Impact Properties, suspendeu planos de abrir três novos hotéis até que as taxas de juros caiam.
Dívida e Sentimento do Consumidor
Para as famílias americanas, a dívida atingiu um recorde de US$ 17,7 trilhões no primeiro trimestre de 2024. Entre as empresas, o cenário é igualmente desanimador. O relatório de manufatura do ISM de 2 de junho indicou uma nova contração da atividade fabril em maio. Timothy Fiore, presidente do ISM Manufacturing Business Survey Committee, destacou a incerteza como o maior desafio atual para os negócios. Essas tendências refletem um cenário econômico desafiador para empresas e consumidores, com implicações significativas para o futuro próximo.