Dólar sobe ante o real com tensões no Oriente Médio
O dólar sobe ante o real nesta quinta-feira, à medida que o efeito positivo da elevação da nota de crédito do Brasil pela Moody’s se dissipa. Isso acontece diante dos temores do mercado relacionados ao cenário fiscal. Além disso, o cenário externo continua adverso, especialmente devido à escalada das tensões no Oriente Médio.
Movimentação do Dólar
Às 9h47, o dólar à vista (BRBY) subia 0,61%, atingindo 5,4788 reais na venda. Além disso, na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento (DOLc1) mostrava alta de 0,49%, cotado a 5,489 reais na venda. Esse movimento, por sua vez, acompanha a força do dólar no exterior. No entanto, a divisa brasileira perdeu o impulso da véspera, quando a moeda norte-americana caiu 0,34%, atingindo 5,4455 reais.
Na terça-feira, após o fechamento dos mercados, a agência de classificação de risco Moody’s elevou a nota do Brasil de Ba2 para Ba1. A Moody’s manteve a perspectiva positiva, deixando o país a um degrau do chamado grau de investimento. Essa classificação é dada a países considerados de baixo risco de calote.
Impacto da Moody’s no Real
A elevação da nota contribuiu para a valorização do real na sessão de quarta-feira. Durante esse período, a moeda brasileira foi na contramão de seus pares fortes e emergentes, que lidavam com o aumento das tensões entre Israel e Irã. Além disso, dados fortes de emprego no setor privado dos Estados Unidos impactaram o mercado.
Contudo, analistas afirmam que a mudança anunciada pela Moody’s não reverteu as preocupações dos agentes financeiros locais. Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, observou: “O mercado digeriu bem a questão da Moody’s, mas não acredita que melhorou a perspectiva fiscal com esse ‘upgrade’.” Essa percepção reflete a insegurança persistente em relação à saúde fiscal do Brasil, especialmente em um contexto de gastos elevados e receitas limitadas.
Acompanhamento das Contas Públicas
As atenções do mercado se voltaram para a divulgação de dados do Tesouro Nacional. Esses dados são buscados em busca de sinais sobre a situação das contas brasileiras. Segundo o Tesouro, o governo central registrou um déficit primário de 22,404 bilhões de reais em agosto. Esse número representa uma melhora em relação ao saldo negativo de 26,730 bilhões de reais no mesmo mês do ano anterior. O resultado veio em linha com o esperado por economistas.
Além disso, analistas enfatizam a necessidade de reformas estruturais que possam trazer equilíbrio às contas públicas. A falta de medidas efetivas pode resultar em perda de confiança por parte dos investidores e em uma pressão contínua sobre a moeda local. Assim, os investidores continuam atentos a sinais que possam indicar mudanças na política fiscal e econômica do governo.
Cenário Internacional e Aversão ao Risco
No cenário externo, o dólar continua a ser visto como um ativo seguro em momentos de incerteza global. Os temores nos últimos dias estão relacionados à situação no Oriente Médio. O Irã, por exemplo, realizou na terça-feira seu maior ataque contra Israel, lançando uma série de mísseis balísticos no território israelense. Os EUA e Israel prometeram retaliação, ampliando as perspectivas de uma guerra regional mais ampla e gerando aversão ao risco nos mercados.
Essa situação de conflito pode influenciar o fluxo de investimentos e o comportamento do mercado de câmbio. Investidores costumam buscar segurança em ativos considerados mais estáveis durante períodos de instabilidade geopolítica, como o dólar.
Dados Econômicos dos EUA
Na agenda macroeconômica, os dados mostraram que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego nos EUA subiram para 225.000 na semana encerrada em 28 de setembro. Isso é um aumento em relação aos 219.000 revisados ligeiramente para cima na semana anterior. Apesar de esse número ter ficado acima do esperado — economistas projetavam 220.000 pedidos —, o resultado fortalece a ideia de que o mercado de trabalho norte-americano passa por um esfriamento moderado. Esse esfriamento pode indicar cortes graduais nos juros do Federal Reserve.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, afirmou: “No geral, eu vejo um ambiente mais propício para o fortalecimento da moeda norte-americana, tanto por aversão ao risco quanto pela questão do pouso suave da economia.”
Expectativas sobre o Federal Reserve
Após os dados do mercado de trabalho, os operadores ainda apontavam 61% de chance de uma redução de 25 pontos-base na taxa do Fed. Essa expectativa é positiva para o dólar, especialmente após projeções anteriores que indicavam um afrouxamento mais agressivo. A possibilidade de cortes nos juros pode estimular a atividade econômica e impactar a inflação, influenciando diretamente as decisões dos investidores.
O índice do dólar (DXY), que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas, subia 0,27%, atingindo 101,920. Essa alta no índice indica um fortalecimento da moeda americana em comparação com outras divisas.
Conclusão
Em resumo, o dólar sobe ante o real em um contexto de incertezas. As tensões no Oriente Médio e as preocupações com a situação fiscal brasileira geram um ambiente volátil. A elevação da nota do Brasil pela Moody’s trouxe otimismo temporário, mas as questões fundamentais permanecem. Os investidores devem permanecer atentos a novos dados econômicos e à evolução das tensões geopolíticas, que podem influenciar significativamente o mercado.
Entenda as Implicações da Nota de Crédito do Brasil