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Crescimento do PIB brasileiro surpreende no 1º trimestre

Crescimento do PIB brasileiro surpreende no 1º trimestre

O crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2025 surpreendeu analistas. Impulsionado pela agropecuária, o desempenho superou 1% e mostrou forte aceleração econômica. Esse avanço indica um início de ano mais robusto do que o esperado, ainda que o cenário adiante exija cautela devido à política monetária contracionista.

Crescimento do PIB brasileiro impulsionado pelo agro

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O crescimento do PIB brasileiro no início de 2025 foi sustentado, principalmente, pelo desempenho expressivo da agropecuária. O setor avançou 12,2% em comparação ao trimestre anterior, registrando o melhor resultado desde o primeiro trimestre de 2023. A produtividade aumentou consideravelmente, impulsionada por condições climáticas favoráveis, concentração de colheitas no semestre e uma safra recorde de soja.

Com peso aproximado de 6,5% na economia nacional, o agronegócio foi fundamental para puxar a atividade econômica no período. Soja, arroz, milho e fumo estão entre os principais produtos responsáveis por esse crescimento. De acordo com o IBGE, o cenário agrícola foi favorecido por um conjunto de fatores conjunturais positivos, entre eles o clima propício e o aumento da eficiência nas lavouras.

A coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, ressaltou que além dos efeitos do clima, o início do ano concentra colheitas significativas. Segundo ela, a soja, por ser a principal lavoura do país, tem grande impacto nos primeiros meses do ano. Portanto, a contribuição do setor deve ser analisada com atenção para avaliar sua influência sazonal sobre o PIB.

Setor de serviços segue em expansão moderada

Mesmo com crescimento mais modesto que o da agropecuária, os serviços seguem como pilar relevante da economia brasileira. Responsável por cerca de 70% do PIB, o setor cresceu 0,3% no primeiro trimestre. Apesar do avanço discreto, o resultado manteve a tendência de alta iniciada no final de 2024, quando registrou aumento de 0,2%.

Dentro desse segmento, a principal contribuição veio dos serviços de informação e comunicação. Essa atividade apresentou alta de 3% no trimestre, impulsionada pelo maior uso da internet e pelo desenvolvimento de sistemas. Desde o início da pandemia, essa área acumula um crescimento superior a 38%, refletindo a digitalização de processos e a adaptação da economia à nova realidade tecnológica.

O desempenho positivo dos serviços demonstra resiliência, mesmo diante de um cenário com juros elevados. A digitalização da economia e o aumento da conectividade devem continuar impulsionando esse segmento, mantendo-o como um dos motores do crescimento econômico.

Indústria recua e sente impacto dos juros altos

Ao contrário dos demais setores, a indústria recuou 0,1% no primeiro trimestre. Esse desempenho interrompeu uma sequência de oito trimestres seguidos de crescimento. As quedas na indústria de transformação (-1,0%) e na construção civil (-0,8%) puxaram o resultado para baixo.

Segundo analistas, a política monetária contracionista está entre os principais fatores que explicam essa retração. O aumento da taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano, encarece o crédito e reduz o apetite por investimentos, principalmente em setores que dependem de financiamentos de longo prazo, como a indústria.

Esse contexto tem dificultado o crescimento do setor industrial, especialmente em áreas sensíveis a custos financeiros. A manutenção de juros elevados deve continuar pressionando a produção industrial nos próximos trimestres, exigindo atenção por parte do governo e do mercado.

Investimentos e consumo também cresceram

Do ponto de vista da demanda, os investimentos foram um dos destaques positivos do trimestre. A Formação Bruta de Capital Fixo, que mede os investimentos produtivos na economia, cresceu 3,1%, marcando seu avanço mais intenso em um ano. Ainda assim, o indicador permanece abaixo do pico registrado em 2013, refletindo os efeitos persistentes dos juros altos.

O consumo das famílias também ajudou a sustentar o crescimento do PIB brasileiro. Houve aumento de 1,0% nas despesas das famílias, revertendo a retração observada no final de 2024. O mercado de trabalho aquecido e o aumento da renda foram determinantes para esse resultado, mostrando que o consumo interno segue como motor da economia nacional.

As despesas do governo, por sua vez, cresceram 0,1%, embora em ritmo mais lento que no trimestre anterior. Por outro lado, no setor externo, tanto as exportações quanto as importações apresentaram crescimento, de 2,9% e 5,9%, respectivamente. Esses dados indicam, portanto, um dinamismo contínuo no comércio exterior, mesmo diante das incertezas globais.

Perspectivas para o crescimento do PIB brasileiro

Apesar do início positivo, a expectativa é de moderação no ritmo de crescimento ao longo de 2025. A agropecuária tem forte impacto no primeiro semestre, mas sua contribuição tende a diminuir nos meses seguintes. Além disso, o efeito retardado dos juros altos deve afetar mais intensamente a atividade econômica no segundo semestre.

Outro fator que gera incerteza é o ambiente internacional. A política comercial instável dos Estados Unidos, com novas tarifas globais, pode afetar a cadeia de suprimentos e o comércio exterior brasileiro. Esse cenário exige cautela e monitoramento contínuo das condições externas.

Ainda assim, o Ministério da Fazenda revisou para cima a projeção de crescimento do PIB brasileiro em 2025, de 2,3% para 2,4%, mantendo a estimativa de 2,5% para 2026. A meta, no entanto, dependerá da capacidade de equilibrar estímulos ao consumo com responsabilidade fiscal e controle da inflação.

Conclusão

O crescimento do PIB brasileiro no primeiro trimestre de 2025 foi marcado por um desempenho expressivo da agropecuária e sinais de recuperação em consumo e investimentos. Por outro lado, a indústria demonstrou fragilidade diante dos juros altos. Embora o começo do ano tenha sido promissor, os próximos trimestres exigirão atenção às pressões internas e aos fatores externos que podem influenciar a trajetória da economia.


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