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Como os conflitos geopolíticos, incluindo as tensões no Oriente Médio, podem ditar o rumo do preço do petróleo?

petróleo 3R Petroleum
Imagem: Freepik

Depois de um 2023 bastante conturbado em termos de conflitos geopolíticos, 2024 já começou na mesma toada no Oriente Médio. O primeiro dia do ano foi marcado por explosões em uma cerimônia no Irã em comemoração ao aniversário de morte do comandante militar Qassem Soleimani, que deixaram dezenas de mortos.

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Os preços do barril de petróleo Brent fecharam o pregão de quarta-feira (3) com alta de 3%.

Conflito nos quatro cantos do mundo

A chacina adicionou mais uma camada às tensões no Oriente Médio e ao receio de queda na oferta global da commodity. Em especial depois da interrupção do transporte de petróleo pelo Mar Vermelho e pela morte de um dos principais líderes do Hamas em um ataque no Líbano.

Sem contar os protestos políticos que levaram ao corte parcial da produção do principal campo petrolífero da Líbia – o Sharara, que produz 300 mil barris diários.

Além disso, apesar de o conflito Israel-Hamas não estar muito associado a questões energéticas, outros “players” entraram no enfrentamento, como Iêmen e Irã, peças importantes para a produção de petróleo.

“Não existe mais nenhum continente que não esteja passando por um conflito bélico. Na América do Sul temos Venezuela e Guiana e a questão do petróleo; na Europa, Ucrânia precisa se defender da Rússia e nisso entra a questão do gás, do combustível fóssil; e na Ásia temos ainda neste mês a eleição de um novo presidente da Taiwan, com grandes chances de o vice-presidente Lai Ching-te ser eleito, um cara não muito bem quisto pela China, o que pode levar à retaliação de Xi Jinping”, comenta.

‘O maior risco para 2024 não vem do mercado, mas da geopolítica’

Dado o cenário atual, para João Piccioni, Head da Empiricus Gestão, as tensões geopolíticas podem ditar o rumo dos investidores em 2024.

“Temos conflitos bélicos no mundo inteiro, e isso é muito crítico. É o fator de risco para as economias neste ano porque pode trazer de volta o problema da inflação. Pode trazer problemas na questão dos fretes marítimos, de energia, e pode de certa forma descarrilhar esse cenário mais positivo que os bancos centrais vem começando a guiar os mercados. Esse talvez seja o ponto de atenção para este ano”, alerta o analista.

Leilões para captação do Treasury também mexe com os mercados

Outro evento que vêm acontecendo simultaneamente às questões geopolíticas, lembra Piccioni, é os leilões para captação do Treasury americano, definidos nesta semana e previstos para acontecerem na próxima semana.

“Isso, a gente pode perceber especialmente no ano passado, tem movimentado os mercados de uma forma mais intensa, especialmente quando tem o leilão do título de 10 anos. Isso vai acontecer, o tesouro faz essa captação no começo do ano e isso tem puxado o juro de 10 anos para cima lá fora, e o mercado se estressa inteiro”, diz o analista.

Segundo ele, a limitação de liquidez nos mercados trata-se de um movimento técnico apenas. “Devemos ver acontecer até o momento do leilão. Depois, provavelmente vamos ver uma enxurrada de liquidez”.

Como fica o petróleo nesse cenário?

Obviamente, como trouxemos no início desta matéria, o primeiro ativo impactado por todos esses movimentos é o petróleo.

“Tem o problema do Canal de Suez, que faz com que o petróleo tenha que ampliar a rota, o que tem dificultado para levar energia para a Europa, e o preço do petróleo reagiu muito rápido”, explica.

Piccioni chama atenção, também, para a disparidade de preços do petróleo WTI, negociado lá nos EUA, e do barril Brent, que tem crescido mais nos últimos dias. “O Brent sobe mais justamente porque o conflito está perto do hub de Londres”.

Em contrapartida, os EUA se tornaram o maior produtor de petróleo global e têm conseguido segurar a cotação da commodity.

“Seja por nova tecnologia, seja porque as empresas estão conseguindo fazer mais exploração com menos investimento, de certa forma os EUA estimularam essa cadeia e isso tem segurado o preço do petróleo na casa dos US$ 70 a US$ 80. É aquela economia que parece que patina, mas não patina”, explica.

“Dito isso, dado o ambiente estrutural de oferta e demanda, me parece que o preço do barril não deve fugir muito do patamar atual. E digo mais, me parece ser um preço meio que basal do petróleo”, pontua.

Para saber como investir e quais petrolíferas se dão bem nesse cenário, assista à entrevista completa de João Piccioni para o Giro do Mercado:

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