Ações da MSTR sobem apesar de processo judicial nos EUA
As ações da MSTR continuam a surpreender o mercado financeiro. Mesmo diante de um processo judicial movido por um escritório de advocacia de Nova York, os papéis da empresa Strategy (antiga MicroStrategy) operam em alta, indicando confiança dos investidores em sua estratégia focada em Bitcoin.
Na manhã de quarta-feira, 3 de julho de 2025, o preço das ações da MSTR chegou a US$ 407 no pré-mercado. Esse avanço ocorreu logo após o fechamento positivo do dia anterior, quando os papéis haviam subido 7,76%. Ainda que a divulgação da ação coletiva protocolada pelo escritório Pomerantz LLP tenha ocorrido nesse intervalo, o mercado, por sua vez, manteve sua postura otimista. Essa reação positiva, portanto, reforça a percepção de que os investidores continuam confiando na robustez da tese de investimentos da empresa.
O que está em jogo no processo contra a Strategy?
A ação coletiva acusa a Strategy de enganar investidores entre abril de 2024 e abril de 2025 ao minimizar os riscos relacionados à sua política de tesouraria baseada em Bitcoin. O foco central da disputa é a adoção do padrão contábil ASU 2023-08, emitido pelo Financial Accounting Standards Board (FASB), que obriga a contabilização de ativos digitais pelo valor justo de mercado.
Com essa mudança, empresas como a Strategy devem registrar lucros ou perdas não realizados diretamente em seus balanços. Segundo a Pomerantz, a Strategy teria exagerado nos benefícios do novo modelo contábil, enquanto ocultava potenciais prejuízos. A petição cita uma perda não realizada de US$ 5,9 bilhões, responsável por uma queda abrupta de 8% no valor das ações da MSTR no início do ano.
Ainda assim, muitos analistas consideram a ação judicial um risco gerenciável. A empresa vem prestando contas públicas com regularidade e mantendo a transparência nos relatórios financeiros. A adoção do novo modelo contábil não é exclusiva da Strategy e afeta outras companhias expostas a criptoativos.
Estratégia com Bitcoin continua no foco
Desde 2020, a Strategy adotou o Bitcoin como principal ativo de sua tesouraria. Como resultado, com 597.325 BTC em caixa, a empresa rapidamente se consolidou como a maior detentora institucional da criptomoeda no mundo. Além disso, esse movimento ousado inspirou outras companhias públicas a seguirem um modelo semelhante. Dessa forma, o Bitcoin passou a ser cada vez mais visto como uma reserva de valor sólida, especialmente diante das políticas monetárias expansionistas adotadas por diversos países.
Apesar das críticas, a aposta tem gerado resultados de longo prazo. O preço das ações da MSTR subiu mais de 3.300% nos últimos cinco anos, superando o desempenho de diversos ETFs de cripto. Esse dado reforça a tese de que a alocação direta em ativos digitais pode ser mais rentável do que estratégias passivas via fundos negociados em bolsa.
Investidores mantêm o otimismo
Mesmo com a pressão jurídica, os investidores permanecem otimistas quanto ao futuro das ações da MSTR. A liderança de Michael Saylor, presidente executivo da empresa, é frequentemente mencionada como um fator decisivo. Saylor defende que o Bitcoin representa uma proteção eficaz contra a inflação e a desvalorização do dólar, argumento que tem ganhado força no ambiente macroeconômico atual.
Além disso, o mercado interpreta o processo judicial como parte do amadurecimento do setor cripto. À medida que empresas listadas aumentam sua exposição a ativos digitais, as regras contábeis e regulatórias se tornam mais rígidas. Isso contribui para um ecossistema mais transparente e previsível, o que, no longo prazo, pode atrair ainda mais capital institucional.
Implicações futuras para o setor corporativo
O caso envolvendo as ações da MSTR pode estabelecer um precedente relevante. Se a Strategy for considerada responsável por omitir informações, outras companhias com políticas similares precisarão ajustar sua comunicação com o mercado. Por outro lado, uma eventual absolvição reforçaria a legitimidade da estratégia corporativa com Bitcoin como ativo de tesouraria.
Empresas como Tesla, Block e Coinbase também enfrentam desafios semelhantes. Portanto, o desfecho da ação coletiva deve ser acompanhado de perto por todo o setor financeiro.
Conclusão
A valorização das ações da MSTR, mesmo em meio a uma ação judicial, revela a confiança do mercado na tese de longo prazo da Strategy com Bitcoin. Embora o processo traga riscos reputacionais, os fundamentos da empresa permanecem sólidos. A consolidação da contabilidade de valor justo e o fortalecimento da governança cripto devem moldar o futuro das corporações expostas a ativos digitais.