Foi divulgado nesta semana, pelo Brazil Journal, que a Maha Energy, acionista relevante da 3R Petroleum (RRRP3), propôs à PetroReconcavo (RECV3) a compra dos ativos terrestres de 3R.
A Maha é listada na Bolsa de Estocolmo e já era dona de 15% da 3R Offshore, subsidiária da 3R Petroleum responsável pelos polos Papa-Terra e Peroá, localizados no mar. Recentemente, ela comprou também mais de 5% de posição acionária em 3R Petroleum.
Tanto a 3R quanto a PetroReconcavo têm campos de petróleo vizinhos na Bahia e no Rio Grande do Norte. Quando pertenciam à Petrobras, eram operados juntos.
De acordo com a proposta, esses ativos poderiam gerar US$ 1,1 bilhão ao voltarem a pertencer a um mesmo CNPJ. Se a operação for concretizada, a RRRP3 continuaria listada na Bolsa, mas permaneceria dona de ativos offshore (em regiões oceânicas).
A empresa que resultaria da operação teria 600 milhões de barris de reserva, valor de mercado de R$ 12 bilhões e uma produção diária de 70 mil barris de petróleo.
Além disso, o negócio poderia transferir US$ 1,4 bilhão em dívidas da 3R para a PetroReconcavo.
A transação tem em torno de nove meses, até setembro de 2024, para se concretizar ou não.
Após a notícia, RRRP3 abriu o pregão desta quinta-feira (18) com um salto de 14,69%, cotada a R$ 31,31; RECV3 disparava 17,29%, a R$ 24,15.
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O que a Empiricus Research achou da fusão entre 3R e PetroReconcavo?
Segundo Larissa Quaresma, analista da casa, já era esperado pelo mercado alguma operação entre as petroleiras privadas brasileiras, especificamente envolvendo 3R Petroleum. Na visão dela, o valuation da companhia está descontado de forma desproporcional há muito tempo.
“A nosso ver, [a transação] faz muito sentido. Primeiro, porque achamos que o valor dos ativos da 3R não estão devidamente precificados em Bolsa atualmente, então, mesmo a PetroRoncavo pagando um prêmio substancial sobre esses ativos de 3R, ainda está pagando barato”, diz Quaresma.
O outro ponto favorável, ela cita, é a sinergia entre as duas empresas, por já terem ativos na mesma região terrestre: “Isso é muito bom para redução de custos, redução de pessoal, aumento da eficiência e melhoria de condições comerciais tanto na ponta vendedora de petróleo quanto na compradora”.
Por último, a analista lembra que os ativos chamado de mid-down-stream de 3R viriam junto com os ativos terrestres, que são a refinaria da companhia e os ativos que processam e armazenam gás.
“Hoje a PetroReconcavo é muito dependente desse tipo de estrutura e paga um preço caro para usar essa infraestrutura de 3R”, explica. Em suas palavras, é uma operação “muito ganha-ganha para as duas partes”.
O que aconteceria com a posição acionária?
Na prática, os acionistas da 3R receberiam uma ação da PetroReconcavo por cada ação detida. Isso significaria que quem é acionista da 3R, passaria a ser da outra petroleira também.
Ao fim dessa transação, com a formação da nova companhia, 50% das ações de PetroConcavo pertenceriam aos acionistas originais e 50% aos acionistas de 3R.
A transação é benéfica para acionistas da 3R e da PetroReconcavo?
Segundo Quaresma, sim.
Hoje, o papel de RECV3 negocia a R$ 23 e RRRP3, a R$ 30. Quem vê essa diferença pode pensar que o acionista da PetroReconcavo sairia no prejuízo diante da diferença de preço, mas a analista lembra que o investidor não vai deixar de ter uma ação para ter a outra, na verdade vai ter os dois papéis.
“A PetroReconcavo, ao comprar os ativos de 3R, está pagando um múltiplo implícito de US$ 6,40, aproximadamente, quando calculamos o valor da firma sobre as reservas dos ativos que ela está comprando. Isso representa um prêmio de 30% sobre o preço que a ação de 3R negocia hoje. Para o acionista de 3R Petroleum é muito bom saber que a ação é avaliada a um valor 30% maior do que seu preço atual”, explica.
E diz que, para o acionista de RECV3, também será um resultado positivo. “A PetroReconcavo paga US$ 6,60 por barril de petróleo adquirido, mas a ação dela própria negocia a US$ 8 por barril que ela tem em reservas. Então, ela emite um dinheiro que vale 8 dólares para comprar um negócio que vale 6 dólares”.
Pelos cálculos, isso representa um desconto de 25% no preço que ela negocia hoje. “Comparado com o múltiplo da Prio, o desconto é ainda maior, chega a 50%“, pontua Quaresma.
Para a analista, se a transação entre as duas companhias não se concretizar e PetroReconcavo não se interessar pelos ativos de 3R, outros players podem querer comprar, como a própria Prio, Equinor, BW, Shell, entre outras que operam na infraestrutura de petróleo brasileira.
“Eu acho que essa transação fecha, mas talvez a um valuation um pouquinho menor. Não a ponto de prejudicar os acionistas de 3R, porque eles não aceitariam, mas talvez um pouco menor, para gerar um valor maior ainda para PetroReconcavo”, avalia.
Para conferir a entrevista completa com Larissa Quaresma, confira o vídeo a seguir:
O post Fusão de 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3): por que a proposta é positiva? apareceu primeiro em Empiricus.