O ciclo do Bitcoin é um dos principais pontos de análise para investidores, pois historicamente a criptomoeda repete movimentos após cada halving. Esse padrão de quatro anos trouxe grandes altas, correções e períodos de consolidação. Porém, o cenário atual apresenta sinais de transformação, impulsionado tanto pelo crescimento da demanda institucional quanto pela mudança nas condições de liquidez global.
Ciclo do Bitcoin segue padrão histórico?
A empresa de análise on-chain Glassnode observa que a ação de preço do Bitcoin ainda apresenta semelhanças com ciclos anteriores. Investidores de longo prazo, conhecidos como holders, vêm realizando lucros em níveis comparáveis aos das fases eufóricas de 2017 e 2021. Esse movimento reforça a percepção de que o mercado pode estar em estágio avançado de seu ciclo.
Além disso, os fluxos de capital nos ETFs spot mostram sinais de desaceleração. Nos últimos dias, esses fundos registraram saídas que somam quase US$ 1 bilhão. A redução da demanda institucional levanta dúvidas sobre a força da tendência de alta. Ao mesmo tempo, parte desse capital migrou para apostas mais arriscadas em altcoins, aumentando a volatilidade do mercado.
O impacto do interesse institucional
O fortalecimento da presença institucional tem sido um divisor de águas para o ciclo do Bitcoin. Empresas listadas em bolsa já acumulam aproximadamente US$ 112 bilhões em Bitcoin, segundo dados do BitcoinTreasuries.NET. Esse fator garante maior estabilidade estrutural ao mercado, mas também reduz a previsibilidade dos ciclos.
Jason Williams, investidor e autor, destacou que as 100 maiores empresas de tesouraria juntas detêm quase 1 milhão de Bitcoins. Para ele, essa acumulação cria um ambiente de suporte diferente, tornando os movimentos menos dependentes da psicologia de investidores individuais. Assim, o comportamento do mercado pode se distanciar gradualmente do modelo clássico de quatro anos.
Projeções para os próximos meses
Caso o padrão histórico se repita, as máximas do ciclo podem ocorrer ainda este ano. De acordo com a Glassnode, outubro seria o período de maior probabilidade, coincidindo com cerca de 550 dias após o último halving em abril de 2024.
Esse cenário também é defendido pelo analista Rekt Capital, que aponta semelhanças entre o atual movimento e o ciclo iniciado em 2020. Naquela ocasião, o pico ocorreu dentro do mesmo intervalo de tempo após o halving.
No entanto, executivos como Matt Hougan, da Bitwise, têm outra visão. Para ele, o ciclo de quatro anos perdeu validade porque a influência do halving diminui progressivamente. Hougan acredita que fatores macroeconômicos, como a política de juros mais flexível nos Estados Unidos, podem estender o movimento de alta até 2026.
A importância da liquidez global
Outro ponto que merece atenção é a liquidez. Quando o Bitcoin caiu de US$ 124 mil para US$ 113 mil em poucos dias, a especulação em altcoins aumentou. O open interest dessas moedas chegou a US$ 60 bilhões antes de corrigir para baixo. Esse comportamento indica que parte do mercado busca alternativas de risco quando a demanda por Bitcoin perde força.
Essa dinâmica mostra como os ciclos atuais podem ser menos lineares. Embora os fundamentos ainda influenciem, novas variáveis — como o impacto dos ETFs e o peso institucional — criam padrões inéditos de comportamento.
Conclusão
O ciclo do Bitcoin continua sendo uma referência essencial, mas não pode mais ser interpretado de forma isolada. De um lado, análises on-chain revelam padrões semelhantes aos ciclos passados. De outro, a entrada de grandes empresas e fundos altera radicalmente o equilíbrio do mercado.
Em resumo, investidores devem considerar não apenas o histórico dos ciclos, mas também o contexto macroeconômico, a liquidez e a crescente presença institucional. Essa combinação pode definir se o Bitcoin repetirá sua lógica tradicional ou iniciará uma nova etapa em sua história.
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