Queda do fornecimento de Bitcoin nas corretoras em 2025
A queda do fornecimento de Bitcoin nas corretoras atingiu o menor nível em quase sete anos. Isso representa uma mudança significativa no comportamento dos investidores. Desde março de 2018, o percentual de BTC disponível caiu para menos de 11%, refletindo um movimento estratégico de retenção e custódia fora das plataformas tradicionais.
Essa tendência é sustentada por diversos fatores, incluindo o aumento do HODLing, o crescimento da custódia institucional e a redução da confiança nas corretoras após o colapso da FTX. A oferta disponível para negociação está diminuindo, mesmo com a alta no preço do ativo, o que pode ter efeitos importantes sobre o mercado nos próximos meses.
HODLing de Bitcoin aumenta com convicção dos investidores
O primeiro fator por trás da queda do fornecimento de Bitcoin nas corretoras é o aumento do HODLing. Dados da CryptoQuant mostram que o volume de moedas enviadas para corretoras está diminuindo, enquanto os investidores mantêm seus ativos em carteiras pessoais. Isso indica uma forte convicção por parte dos detentores de longo prazo.
O índice Exchange Flows to Network Activity Ratio caiu para o menor nível desde 2023. Essa métrica compara os fluxos de BTC para corretoras com a atividade da rede, revelando que os depósitos estão reduzidos, apesar de o preço do Bitcoin ter subido consideravelmente. Em junho de 2025, a média móvel de 30 dias da razão se aproximava de 1,2, um valor significativamente abaixo da média anual de 365 dias.
Esse comportamento mostra que os investidores estão menos dispostos a vender. Isso pode estar ligado à expectativa de valorização futura, com muitos optando por armazenamento em carteiras frias, em vez de deixá-los disponíveis para venda imediata. Esse padrão tem impacto direto sobre a liquidez e a dinâmica de preços do Bitcoin.
Custódia institucional substitui o uso de corretoras
Além do comportamento dos investidores individuais, as instituições também estão mudando suas estratégias. Por esse motivo, a preferência agora recai sobre soluções de custódia profissional e plataformas especializadas, como a Coinbase Prime. No primeiro trimestre de 2025, por exemplo, essa plataforma já administrava mais de US$ 212 bilhões em ativos, atraindo, assim, emissores de ETFs, corporações e investidores de alto patrimônio líquido.
Esse movimento, portanto, representa uma mudança estrutural no ecossistema. Em vez de manter fundos em exchanges públicas, essas instituições, por sua vez, optam por custódia terceirizada, buscando, assim, maior segurança, conformidade regulatória e proteção contra falhas operacionais. Como resultado, grandes volumes de BTC deixam de circular nas exchanges tradicionais e, consequentemente, contribuem diretamente para a queda do fornecimento de Bitcoin nas corretoras.
Essa migração também aponta para a crescente institucionalização do mercado de criptoativos. Grandes empresas buscam reduzir riscos e atender aos critérios regulatórios exigidos para operar com segurança e transparência.
ETFs acumulam parte significativa do fornecimento
Outro fator que ajuda a explicar essa mudança é o crescimento dos ETFs de Bitcoin à vista. Desde seu lançamento em janeiro do ano passado, esses fundos aumentaram drasticamente seus ativos sob gestão. Em junho de 2025, os ETFs de Bitcoin já acumulavam mais de US$ 44 bilhões em BTC.
Esses fundos funcionam como veículos de investimento de longo prazo, absorvendo grande parte da liquidez disponível. Como os ETFs mantêm os ativos sob custódia segura e não os utilizam para negociação ativa, o resultado é uma menor circulação de moedas no mercado. Esse fenômeno contribui diretamente para o encolhimento da oferta disponível nas corretoras.
A presença dos ETFs ainda fortalece a legitimidade do mercado de criptomoedas e atrai novos investidores, principalmente institucionais. Isso também pressiona ainda mais a oferta, em um contexto de interesse crescente e fornecimento limitado.
Desconfiança nas corretoras após o colapso da FTX
A falência da FTX no final de 2022 teve efeitos profundos sobre o mercado. Durante meses, o volume líquido de transferências de Bitcoin mostrou saídas constantes das corretoras. O gráfico da Glassnode revela que, entre novembro de 2022 e maio de 2023, os saques semanais frequentemente ultrapassaram 10.000 BTC, totalizando mais de 200.000 BTC retirados nesse período.
A crise de confiança nas exchanges, especialmente após o colapso de uma das maiores plataformas do mundo, levou muitos investidores a transferirem seus ativos para carteiras privadas ou plataformas mais seguras. A preferência por manter o controle total dos próprios fundos se tornou mais evidente.
Essa desconfiança permanece até hoje e ainda influencia fortemente o comportamento do investidor. É natural que, em um ambiente de incerteza, os usuários busquem maior controle e segurança sobre seus ativos digitais.
Conclusão: o que a queda do fornecimento de Bitcoin revela
A queda do fornecimento de Bitcoin nas corretoras é um reflexo direto da maturidade do mercado cripto. Investidores demonstram maior conhecimento, cautela e interesse por alternativas mais seguras de custódia. Esse comportamento reduz a liquidez imediata, impacta o equilíbrio entre oferta e demanda, e pode influenciar diretamente o valor do ativo.
Com o crescimento da custódia institucional e dos ETFs, o fornecimento de Bitcoin disponível nas corretoras tende a continuar caindo. Ao mesmo tempo, a desconfiança em plataformas centralizadas permanece relevante. Esse conjunto de fatores aponta para um futuro em que o BTC pode se tornar ainda mais escasso no mercado aberto, gerando impactos duradouros sobre seu preço e sobre a estrutura do ecossistema cripto.
Se a demanda continuar aumentando, e os investidores mantiverem essa postura de retenção, a pressão sobre os preços pode crescer. Essa dinâmica destaca a importância de compreender não apenas o preço do Bitcoin, mas também os fluxos de liquidez e a confiança institucional e individual no mercado.
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