Atividade empresarial nos EUA cresce em meio a incertezas
A atividade empresarial nos EUA cresceu em maio, após uma trégua temporária na guerra comercial com a China. Os dados do Índice de Gerentes de Compras (PMI) confirmam esse avanço, mostrando alta nos setores de manufatura e serviços. Mesmo assim, as tarifas sobre produtos importados mantiveram a pressão sobre os preços e aumentaram as incertezas na economia.
O PMI Composto, divulgado pela S&P Global, subiu de 50,6 em abril para 52,1 em maio, indicando expansão do setor privado. A leitura acima de 50 sinaliza crescimento, enquanto números abaixo indicam contração. Tanto a manufatura quanto os serviços superaram expectativas, contrariando previsões de desaceleração.
Tarifas pressionam custos e mantêm riscos de inflação
Mesmo com o avanço nos indicadores, o aumento das tarifas promovido pelo governo Trump elevou significativamente os custos operacionais para as empresas. A medida dos preços pagos por insumos subiu para 63,4 — o nível mais alto desde novembro de 2022 — enquanto os preços cobrados por bens e serviços subiram para 59,3.
Esse aumento foi impulsionado por empresas que buscaram antecipar aquisições antes do fim da trégua tarifária de 90 dias com a China. Segundo analistas, essa movimentação pode ter contribuído para a aceleração da atividade empresarial nos EUA, mas representa um risco inflacionário adicional nos próximos meses.
Estoque elevado reflete preocupação com oferta
Além disso, as empresas ampliaram seus estoques ao maior nível em 18 anos, pois temem uma escassez de insumos no futuro. Por esse motivo, o comportamento estratégico adotado revela que o ambiente de negócios ainda permanece marcado pela instabilidade. Ademais, o aumento dos estoques também pode indicar um possível desequilíbrio entre oferta e demanda, especialmente se o consumo não acompanhar o ritmo da produção.
A antecipação de compras, embora ajude no curto prazo, pode pressionar os preços no médio prazo. Essa preocupação reforça os desafios enfrentados pelas empresas para manter a estabilidade em um cenário de políticas comerciais imprevisíveis.
Setor de serviços e turismo sentem impacto negativo
Embora a economia tenha mostrado crescimento geral, o setor de serviços enfrentou quedas expressivas em áreas como turismo e hospitalidade. Além disso, o governo intensificou a repressão à imigração e fez declarações polêmicas sobre política externa, o que reduziu diretamente as exportações de serviços. Como consequência, visitantes estrangeiros gastaram menos, no ritmo mais acentuado desde os bloqueios da pandemia de Covid-19 em 2020.
Hotéis, companhias aéreas e agências de viagens registraram redução nas vendas, afetando diretamente a atividade empresarial nos EUA nesse segmento. Isso demonstra que, mesmo com crescimento em setores produtivos, outras áreas continuam fragilizadas.
Emprego em queda sinaliza cautela das empresas
O índice de emprego, que também integra o PMI, caiu de 50,2 em abril para 49,5 em maio. Essa queda representa a primeira contração desde o início do ano e reflete a cautela das empresas diante de um cenário incerto. O aumento dos custos, a escassez de mão de obra qualificada e o receio de redução na demanda futura foram os principais fatores para essa retração.
Esse dado preocupa, pois o mercado de trabalho é um dos pilares da sustentação econômica. A diminuição na contratação pode limitar o consumo interno e desacelerar o crescimento nos próximos trimestres, mesmo com os números positivos atuais.
Perspectivas para os próximos meses
Especialistas alertam que parte da recuperação observada em maio pode ter sido artificial, motivada pela tentativa de antecipar compras e negócios antes do término da trégua tarifária. Se novas tarifas forem implementadas após julho, a pressão sobre os preços e os gargalos de oferta podem aumentar ainda mais.
Portanto, embora a atividade empresarial nos EUA tenha crescido no curto prazo, as incertezas quanto à política comercial e fiscal continuam afetando as decisões corporativas. A continuidade do crescimento dependerá da estabilidade nas relações internacionais e de medidas internas para conter a inflação.
Conclusão: crescimento com desafios à frente
A atividade empresarial nos EUA demonstrou um desempenho positivo em maio, com crescimento na produção e nos serviços. No entanto, o avanço foi acompanhado por uma alta nos custos, queda no emprego e dificuldades no setor de turismo.
Esses fatores mostram que o crescimento ainda é frágil e dependente de condições externas. A estabilidade econômica exigirá mais do que trégua comercial — será necessário adotar políticas que incentivem a produção sem sobrecarregar empresas e consumidores.
EUA enfrentam riscos de estagflação com alta de tarifas e inflação