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Brasil testa projeto de monetização de dados pessoais

Brasil testa projeto de monetização de dados pessoais

Brasil testa projeto de monetização de dados pessoais

A monetização de dados pessoais avança no Brasil com um projeto piloto liderado pela Dataprev. A proposta pretende recompensar usuários que autorizarem o uso de seus dados, oferecendo uma nova possibilidade de renda no ambiente digital. Essa iniciativa representa um passo importante na valorização da informação como ativo econômico.

O que é a monetização de dados pessoais?

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A ideia de que os dados pessoais possuem valor econômico vem sendo discutida há anos. No entanto, na maioria dos casos, quem lucra com eles são grandes corporações — não os donos dessas informações. A monetização de dados pessoais, por sua vez, muda essa lógica, permitindo que os próprios cidadãos decidam como, quando e com quem compartilhar seus dados, e recebam algo em troca.

Diversos fóruns internacionais já discutiram esse modelo, mas esta é a primeira vez que um país lança um projeto nacional com foco no retorno financeiro direto aos usuários. A Dataprev, em parceria com a startup americana DrumWave, lidera essa transformação.

Como funcionará o projeto da Dataprev?

A princípio, o programa será direcionado a aposentados, pensionistas e beneficiários de programas assistenciais do governo federal. Dessa forma, esses usuários poderão autorizar a monetização de dados pessoais relacionados a contratos de crédito consignado. Além disso, a expectativa é que, com o tempo, essa iniciativa se expanda gradualmente para incluir outros tipos de dados e, consequentemente, atingir uma base mais ampla da população.

Um diferencial importante do piloto é a facilidade de acesso. Não será necessário instalar novos aplicativos. A funcionalidade estará integrada aos apps públicos já existentes, como o da Previdência Social. Dessa forma, a inclusão digital se torna mais efetiva, principalmente para os públicos mais velhos ou menos familiarizados com tecnologia.

Além disso, os participantes terão controle total sobre o que compartilhar. Será possível escolher quais dados serão disponibilizados, com quais empresas e por quanto tempo. A adesão será voluntária, e a saída do projeto poderá ocorrer a qualquer momento.

A importância do consentimento e da transparência

Nesse contexto, esse modelo busca equilibrar, de forma responsável, a inovação tecnológica com os direitos fundamentais. Além disso, o projeto respeita plenamente os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), garantindo, assim, transparência, autonomia e consentimento informado. Por isso, a monetização de dados pessoais só ocorre quando o usuário concorda explicitamente com o uso de suas informações.

Segundo Rodrigo Assumpção, presidente da Dataprev, o projeto é pioneiro por ir além do simples “sim” ou “não” quanto ao uso de dados. Ele permite um controle mais granular, com opções de uso parcial ou restrito, algo inovador até mesmo no contexto internacional.

Dados como ativos financeiros

Durante o anúncio do piloto no Web Summit Rio, Brittany Kaiser destacou o valor estratégico dos dados. Ela lembrou que bilhões são movimentados mundialmente na indústria de compra e venda de informações, enquanto os cidadãos ficam à margem dessa economia. A ativista, conhecida por denunciar práticas ilegais da Cambridge Analytica, afirmou que o Brasil lidera agora um movimento global por mais justiça digital.

Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central, também participou do painel. Ele ressaltou que a criação de um mercado com preço definido para os dados poderá estimular a concorrência, beneficiar consumidores e fomentar a inclusão financeira. A monetização de dados pessoais pode ser uma forma eficaz de reconhecer a importância da privacidade e devolver valor ao cidadão comum.

Riscos e desafios no caminho

Embora o projeto tenha boas intenções, ele não está isento de controvérsias. Poucas semanas antes do anúncio oficial, por exemplo, a ANPD proibiu a remuneração de usuários por dados biométricos no caso da Worldcoin. Nesse sentido, especialistas apontam que a diferença está tanto no tipo de dado envolvido quanto na forma como o consentimento é obtido. Diante disso, a polêmica reforça a necessidade urgente de regulamentações claras, que consigam proteger os direitos dos usuários sem, no entanto, impedir inovações com potencial positivo.

Conclusão: um marco na economia digital

A proposta brasileira de monetização de dados pessoais pode inaugurar uma nova era na relação entre cidadão e tecnologia. Ao permitir que os próprios usuários decidam sobre o uso de suas informações, o projeto reforça a importância do consentimento e da transparência. Além disso, abre espaço para uma economia digital mais justa, na qual os dados não são apenas explorados, mas valorizados.

Com a ampliação do projeto, há potencial para transformar os dados em uma nova forma de renda, inclusão e cidadania. Mesmo que os ganhos iniciais sejam modestos, o valor pedagógico da iniciativa é enorme. O Brasil, assim, se posiciona na vanguarda da economia dos dados.


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