A reversão de tendência do Bitcoin está próxima?
O mercado segue atento à reversão de tendência do Bitcoin, que ainda não foi confirmada. Após a recuperação a partir dos US$ 75.000, analistas divergem: para alguns, trata-se de otimismo prematuro; para outros, há sinais técnicos promissores de que o pior pode ter passado. Embora o Bitcoin tenha se mantido acima dos US$ 80.000 por vários dias consecutivos, fatores estruturais ainda precisam melhorar para sustentar uma nova fase de alta.
O veterano trader Peter Brandt, por exemplo, minimiza o papel das linhas de tendência como indicadores confiáveis. Ele afirma que a violação dessas estruturas gráficas, por si só, não garante uma mudança real na direção dos preços. Já Kevin Svenson observa com otimismo o rompimento do RSI semanal, que, segundo ele, já precedeu fortes movimentos de valorização em ciclos anteriores.
Apesar desses indícios, o sentimento geral ainda é de cautela. O Bitcoin encontra forte resistência técnica na faixa de US$ 86.000 e precisaria romper esse nível com consistência para confirmar qualquer virada. Até que isso aconteça, a probabilidade de uma continuação da lateralização ou até mesmo de nova queda ainda não pode ser descartada.
Demanda por Bitcoin mostra sinais iniciais?
Segundo a CryptoQuant, houve um pequeno aumento na demanda aparente — calculada pela diferença líquida entre entradas e saídas nas exchanges —, sugerindo uma leve melhora no apetite dos investidores. Essa mudança recente marca uma diferença em relação às últimas semanas, quando a demanda permaneceu consistentemente negativa. No entanto, os dados históricos mostram que esses sinais ainda não são suficientes para indicar uma reversão estrutural no comportamento do mercado.
Durante o ciclo de 2021, por exemplo, o mercado passou por longos períodos de demanda negativa antes de qualquer recuperação real. O momento atual pode apenas sinalizar uma pausa na pressão vendedora, sem representar uma virada definitiva. Além disso, o volume de negociações segue abaixo dos níveis esperados para confirmar um novo impulso de alta.
Atualmente, o mercado spot gira em torno de 30.000 BTC negociados por dia — número seis vezes menor que o registrado antes da última grande valorização do Bitcoin. Nos derivativos, o volume também é modesto, com cerca de 400.000 BTC diários. Esses dados indicam que, apesar de algum interesse, o mercado ainda carece da força necessária para sustentar uma tendência de alta duradoura.
Liquidez limitada segue como obstáculo
Do lado da oferta, a situação também preocupa. O valor realizado na rede cresce lentamente, sinalizando a falta de capital novo entrando no ecossistema. A Glassnode reporta uma taxa mensal de apenas 0,80% — abaixo dos padrões históricos observados em mercados de alta.
Outro indicador negativo é o saldo de BTC nas exchanges, que caiu para 2,6 milhões de unidades, o menor patamar desde 2018. Esse dado reflete a escassez de liquidez para vendas imediatas e aponta para um mercado ainda hesitante. Mesmo assim, analistas como Michael van de Poppe veem potencial na expansão da oferta monetária global (M2), que costuma antecipar valorizações no preço do Bitcoin com um atraso de cerca de 12 semanas.
Se a correlação histórica com o M2 se mantiver, o Bitcoin poderá atingir novas máximas ainda neste trimestre. Essa possibilidade, no entanto, depende de diversos fatores macroeconômicos, como a política de juros dos Estados Unidos, o comportamento do dólar e o desempenho dos ativos de risco.
Resistência chave pode definir futuro da tendência
O maior desafio no curto prazo está entre os US$ 86.300 e US$ 86.500. Segundo dados do CoinGlass, essa região concentra um grande volume de ordens de venda, tornando-se uma barreira crítica para qualquer tentativa de retomada da tendência de alta.
Ferramentas como o Alpha Price Chart da Alphractal apontam a mesma região como decisiva. O gráfico considera valor realizado, valor médio e sentimento da rede para indicar que, apenas com uma quebra sustentada acima dessa faixa, o sentimento de alta poderá retornar com força. Caso o Bitcoin não consiga ultrapassar essa zona, os suportes em US$ 73.900 e US$ 64.700 podem ser novamente testados.
Conclusão: sinais são promissores, mas ainda insuficientes
A possibilidade de reversão de tendência do Bitcoin gera expectativas no mercado, mas os sinais atuais ainda são frágeis. A demanda começa a reagir, e o suporte em torno de US$ 80.000 mostra resiliência. Contudo, sem volume consistente e liquidez adequada, qualquer movimento de alta pode ser momentâneo.
Para uma confirmação real, será necessário um rompimento acima dos US$ 86.300 com aumento significativo no volume do mercado à vista. Até que esse movimento ocorra, o melhor é adotar uma postura de observação estratégica, aguardando por sinais mais sólidos. O Bitcoin pode estar se aproximando de uma virada, mas ainda não há garantias.
Como identificar uma reversão de tendência no mercado de criptomoedas