A segurança energética da Europa e a guerra na Ucrânia seguem como temas centrais do cenário geopolítico global. Para Felipe Miranda, CIO e estrategista-chefe da Empiricus, a postura de Donald Trump ao abordar essas questões traz “verdades inconvenientes para a mesa”, mas que geram ruídos e instabilidade no mercado.
No Morning Call BTG desta sexta-feira (28), Miranda analisa algumas implicações das ações e discursos do presidente norte-americano.
Segurança energética da Europa: quem paga a conta?
Miranda destacou a fragilidade da Europa devido à sua alta dependência do gás russo, um fator que se intensificou nos últimos anos e foi exacerbado pelo conflito entre Rússia e Ucrânia.
Em 2018, Trump acusou a Alemanha de ser refém do gás natural da Rússia, questionando a coerência de os EUA financiarem a segurança de um continente que mantém fortes laços energéticos com Moscou. Em dezembro de 2024, ele alertou a União Europeia para aumentar a compra de petróleo e gás americanos ou enfrentar tarifas comerciais.
“A Alemanha não investe em energia nuclear, delega responsabilidade de fornecimento de energia para a Rússia e quem paga pela segurança energética europeia são os EUA?”, questionou Miranda.
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Guerra na Ucrânia: qual é o custo da paz?
Outro ponto abordado no programa foi a busca por uma solução para a guerra na Ucrânia. Miranda reconhece que um acordo de paz seria uma excelente notícia para o cenário global, mas pondera que qualquer negociação deve levar em conta a vontade dos ucranianos, em referência à tentativa de negociação de paz liderada por Trump na Arábia Saudita sem a participação do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
“Você não pode dividir a Ucrânia sem combinar com os ucranianos”, afirma Miranda.
O estrategista-chefe citou a recente capa da revista The Economist, que retrata Vladimir Putin e Donald Trump sentados à mesa e o título “o pior pesadelo da Europa”.
“Essa capa denota um zeitgeist [termo em alemão que significa “espírito do tempo”, em referência ao conjunto de crenças e valores de uma determinada época], uma preocupação com a geopolítica europeia. Trump tem esse lado bom, de ser pró-business e de trazer verdades inconvenientes para a mesa, mas a maneira como ele faz isso gera uma série de ruídos e incertezas para o mercado”, concluiu.
No programa, Felipe Miranda falou também sobre a perda de confiança no bull market chinês e outros temas quentes do mercado financeiro.
Acompanhe a íntegra das discussões clicando no vídeo abaixo.
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