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Ainda sem pacote de corte de gastos, ‘G20 não importa’: fique por dentro dos destaques econômicos desta semana

Encerramos a semana passada ainda sem a apresentação oficial do aguardado pacote de corte de gastos, apesar de sinais promissores de uma possível redução de R$ 70 bilhões nas despesas entre 2025 e 2026. No entanto, o mercado já não se contenta com rumores ou expectativas; ele exige a concretização das medidas. Mais do que isso, a apresentação dos detalhes do projeto será crucial para avaliar a qualidade dos cortes propostos — quanto mais estruturais forem, maior será o impacto positivo.

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Existe a possibilidade de que as informações sejam divulgadas ainda nesta semana, após o G20 e antes da publicação do relatório bimestral de receitas e despesas, prevista para sexta-feira (22). Enquanto aguardamos, é necessário um “catch-up” com os mercados internacionais após nossa ausência na última sexta-feira (15) devido ao feriado da Proclamação da República. Vale lembrar que o mercado brasileiro voltará a ter liquidez reduzida na quarta-feira (20) por conta do feriado da Consciência Negra, limitando ainda mais as operações desta semana.

Com uma agenda doméstica fraca, além da expectativa pelo pacote fiscal, voltamos a atenção para os eventos internacionais. Entre os destaques, estão o aguardado resultado da Nvidia (NVDC34), que será divulgado na noite de quarta-feira (20) , e as potenciais novidades relacionadas ao governo de Donald Trump.

Nos mercados globais, o desempenho tem sido variado: os índices asiáticos encerraram o pregão sem direção definida, refletindo os dados mistos da atividade econômica chinesa em outubro. Já na Europa e nos Estados Unidos, o tom também é misto, embora os índices europeus predominem no negativo, enquanto o mercado americano opera em alta.

· 00:53 — Nivelando expectativas

No Brasil, como mencionado anteriormente, a expectativa é que a incerteza sobre o tão aguardado pacote de corte de gastos seja finalmente dissipada nesta semana, após o término do G20. Idealmente, as medidas deveriam ser apresentadas antes da divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas, programado para sexta-feira (22). Esse relatório deve incluir ajustes relevantes que foram adiados em setembro.

Além disso, a Receita Federal deve publicar os dados de arrecadação referentes a outubro, que provavelmente continuarão apresentando resultados robustos. No entanto, sem uma reforma estrutural nas despesas, a força da arrecadação isolada será insuficiente para resolver os desafios fiscais enfrentados pelo país.

Aliás, como alertou Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, o custo da política monetária aumenta significativamente quando a confiança na política fiscal é abalada. Em outras palavras, na ausência de uma âncora fiscal sólida, é necessário compensar com uma política monetária mais restritiva, justificando o elevado patamar atual da taxa Selic. O cenário contracionista é reforçado pelo crescimento de 0,84% no IBC-Br em setembro, na comparação mensal. Contudo, a grande incógnita permanece: qual será a extensão do ciclo de ajuste monetário? Essa resposta dependerá diretamente do alcance e da eficácia do esforço fiscal promovido pelo governo.

Por outro lado, a equipe econômica parece ciente de que o espaço para elevação da arrecadação está esgotado. O ministro Fernando Haddad, por exemplo, já destacou os riscos de uma taxação unilateral dos super-ricos, alertando que isso poderia levar à fuga de capitais. No campo político, a consolidação de uma aliança para apoiar Hugo Motta como sucessor de Arthur Lira na presidência da Câmara deve facilitar a tramitação de projetos essenciais, especialmente aqueles relacionados ao fiscal.

Após o anúncio do pacote de cortes, é esperado que o Ministério da Fazenda volte suas atenções para a revisão das isenções fiscais. A equipe econômica já está desenvolvendo um estudo detalhado sobre os setores que atualmente se beneficiam de incentivos tributários, preparando o terreno para mudanças futuras. Bom sinal.

· 01:41 — O resultado mais importante

Nos Estados Unidos, o mercado de ações perdeu força na última sexta-feira (15), com o Nasdaq Composite registrando uma queda de 2,2% e o S&P 500 recuando 1,3%. Ambos os índices encerraram a semana com perdas acumuladas de 3,1% e 2,1%, respectivamente, marcando a pior performance semanal desde o início de setembro. Essa correção veio após os ganhos significativos impulsionados pela vitória de Donald Trump. Como frequentemente ressalto, “árvores não crescem até o céu” e correções são parte natural do mercado. Muitas vezes, elas são até saudáveis, ajudando a ajustar excessos, especialmente após movimentos muito acentuados em períodos curtos.

A agenda de dados econômicos para esta semana é mais moderada, o que aumenta a relevância das falas de membros do Federal Reserve. Declarações recentes do presidente do Fed, Jerome Powell, de que não há pressa em reduzir as taxas de juros foram um dos fatores que desencadearam a correção na sexta-feira. Embora o ciclo de flexibilização monetária deva continuar, com alta probabilidade de um corte de 25 pontos-base em dezembro, espera-se que o ritmo diminua em 2024.

Além disso, um dos grandes destaques da semana será a divulgação dos resultados trimestrais da Nvidia, na quarta-feira. Como a maior empresa de capital aberto do mundo em valor de mercado, a Nvidia tem constantemente superado as expectativas desde o início do boom da inteligência artificial, impulsionado pela crescente demanda por seus chips avançados, essenciais para alimentar processos complexos de IA. Esses resultados não são apenas relevantes para a companhia, mas também têm implicações mais amplas para o mercado, dado o papel sistêmico que a Nvidia desempenha atualmente. Aguardamos com atenção os números, que podem oferecer novos insights sobre a evolução do setor de tecnologia e inteligência artificial.

· 02:32 — O terror da indústria farmacêutica 

Nos Estados Unidos, a atenção permanece voltada para a formação do gabinete do presidente eleito Donald Trump, e como previsto desde sua vitória, Elon Musk terá um cargo em Washington. A indicação do empresário reforça sua já destacada posição no cenário político-econômico e coincide com o expressivo desempenho das ações da Tesla (TSLA34), que subiram quase 30% desde o dia das eleições, consolidando-o como um dos grandes beneficiados em Wall Street pelo resultado eleitoral. Por outro lado, o setor farmacêutico tem enfrentado uma reação oposta, com quedas acentuadas nas ações de empresas como Moderna, Pfizer e Novo Nordisk.

Essas movimentações refletem as controvérsias em torno da escolha de Robert F. Kennedy Jr. como Secretário de Saúde, feita por Trump na semana passada. RFK Jr., conhecido por suas posições críticas à indústria farmacêutica e alimentícia, acusou essas corporações de disseminarem desinformação e prometeu uma mudança radical na abordagem do governo à saúde pública. Sua nomeação sinaliza uma provável revisão profunda no papel regulador do Departamento de Saúde e Serviços Humanos (HHS) e da Food and Drug Administration (FDA).

RFK Jr. tem sido um defensor vocal da transparência em relação à segurança das vacinas (muitas vezes se valendo de teorias da conspiração), acusando a FDA de suprimir alguns tipos de tratamentos e prometendo remover funcionários com conflitos de interesse ligados à indústria. Ele também se posiciona contra alimentos ultraprocessados e o uso de flúor na água potável, enquanto promove práticas alternativas como o consumo de leite cru e suplementos vitamínicos. Uma de suas principais propostas é destinar pelo menos 50% do orçamento dos Institutos Nacionais de Saúde para pesquisas em medicina preventiva e terapias alternativas.

Até agora, as escolhas de Trump para seu segundo mandato têm sido marcadas por nomes polarizadores, que prometem mudanças significativas e polêmicas em várias frentes, desde segurança nacional e saúde até regulamentações industriais. Esses movimentos indicam que a próxima administração poderá ser tão disruptiva quanto seu primeiro mandato, despertando reações intensas nos mercados.

· 03:24 — E por falar em Elon Musk…

A xAI, empresa de inteligência artificial fundada por Elon Musk e criadora do “Grok”, concorrente direto do ChatGPT, está movimentando o mercado ao buscar um financiamento de US$ 6 bilhões. O objetivo da rodada de captação é viabilizar a compra de 100 mil chips da Nvidia, consolidando a startup como um dos grandes players no crescente setor de IA. Com essa nova injeção de capital, a xAI será avaliada em impressionantes US$ 50 bilhões, posicionando-se como a sexta startup mais valiosa do mundo. A iniciativa representa um avanço significativo na disputa de Musk com a OpenAI e seu CEO, Sam Altman.

Além do crescimento da xAI, Musk intensificou sua batalha legal contra a OpenAI ao expandir um processo antitruste em andamento. O litígio remonta à saída de Musk da OpenAI em 2018, após tê-la cofundado em 2015 junto com Sam Altman e Greg Brockman. Musk alega que a OpenAI se desviou de seus princípios originais de código aberto e acusa a empresa de criar um monopólio injusto no setor de inteligência artificial. As movimentações recentes destacam o quanto a disputa no campo da IA está se intensificando, refletindo a crescente importância estratégica do setor e a competição acirrada entre gigantes da tecnologia. 

· 04:18 — Grandes projetos

Na semana que antecedeu o G20, o presidente da China, Xi Jinping, realizou a inauguração do ambicioso porto de Chancay, no Peru, um empreendimento avaliado em US$ 1,3 bilhão que promete transformar a logística regional. Com 15 cais e um extenso parque industrial, o complexo está projetado para atrair mais de US$ 3,5 bilhões em investimentos adicionais ao longo da próxima década. Localizado estrategicamente a 60 quilômetros ao norte de Lima, o porto visa se consolidar como um hub essencial de transbordo na América do Sul, conectando diretamente o continente à Ásia e acelerando o comércio transoceânico pelo Pacífico. Esse modelo de integração comercial oferece lições relevantes para o Brasil, que tradicionalmente concentra seus esforços no Atlântico.

Diante dessas mudanças geopolíticas e econômicas, o presidente Lula tem buscado intensificar as relações econômicas com a China, especialmente em um cenário de potencial intensificação da guerra comercial entre os EUA e o gigante asiático no segundo mandato de Donald Trump. Atualmente, o Brasil já ocupa a posição de maior fornecedor de produtos agrícolas para a China, superando os Estados Unidos, enquanto os investimentos chineses em território brasileiro seguem em expansão, exemplificados pela presença crescente da BYD. A empresa, líder global em veículos elétricos, opera uma de suas maiores unidades fora da Ásia em uma antiga fábrica da Ford no Brasil.

Para que essa parceria estratégica entre Brasil e China se aprofunde ainda mais, será indispensável o desenvolvimento de infraestruturas robustas, semelhantes ao megaporto de Chancay. Investimentos dessa magnitude não apenas aumentam a competitividade comercial, mas também posicionam os países da América do Sul como protagonistas em um cenário econômico global cada vez mais conflituoso.

· 05:09 — Um nome descontado…

Em diversas ocasiões, defendi neste espaço a relevância dos fundos de infraestrutura como uma alternativa atrativa para diversificar a exposição ao crédito privado. Esses instrumentos, listados na bolsa e compostos por debêntures incentivadas de infraestrutura, oferecem vantagens importantes, como isenção de imposto de renda para pessoas físicas e distribuição mensal de rendimentos. São especialmente indicados para investidores que buscam geração de renda consistente…

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