Trump é o grande vencedor das eleições atuais, veremos como ele conduz a principal economia do mundo a partir de agora.
Mais difícil do que conquistar o poder é se manter bem no poder.
Javier Milei assumiu como presidente da Argentina em 10 de dezembro de 2023, tomando as rédeas de um dos principais casos internacionais de desordem econômica.
Menos de um ano depois, o país vem rodando com superávits primários consecutivos, viu sua inflação mensal cair de 25% para 3% e iniciou um ciclo promissor de corte de juros.
Impressionante como uma situação financeira tida como absolutamente perdida pode ser reavivada em questão de dias, semanas ou meses.
Não à toa, empresários como David Vélez (Nubank) voltaram a se interessar pelo mercado argentino.
Por mais incríveis que pareçam as conquistas de Milei até aqui, não há qualquer indicação de genialidade por trás de suas escolhas e decisões.
Ao contrário, ele tem seguido o que existe de mais básico na cartilha econômica para restaurar o equilíbrio: âncora fiscal.
Funcionou com FHC, funcionou com o Lula original e – surpresa! – está funcionando também com o atual presidente argentino.
Aparentemente, funciona para partidos de centro, partidos de esquerda e partidos de direita.
É importante tomar nota dessa multifuncionalidade em um cenário doméstico no qual voltamos a debater controle de gastos.
Se Lula está realmente interessado em se reeleger em 2026, ou em se aposentar com louvor e construir Haddad como sucessor, suspeito que sua única chance seja a de recuperar nossa âncora fiscal.
“Única chance” pois nenhuma outra medida de política econômica seria capaz de produzir resultados tão saudáveis, tão intensos e (sobretudo) tão rápidos.
Ainda que amostra pontual, o pregão de segunda-feira forneceu um indício valioso nesse sentido, prontamente devolvendo alguma sobriedade ao câmbio, à curva de juros e à Bolsa brasileira.
Quantos pregões dessa natureza teríamos entre amanhã e outubro de 2026 caso a âncora fiscal fosse efetivamente retomada?
Qual o impacto sobre IPCA, Selic terminal, dólar e popularidade política em uma janela de 18 meses?
Esses 18 meses serão um tempo precioso para o Governo Lula com o fiscal a favor, e um tempo nefasto com o fiscal contra.
Binária, a distinção será definida agora, nesta única e última chance.
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