A agenda econômica está bastante agitada nesta primeira semana completa de novembro, tanto no Brasil quanto nos EUA. Por aqui, a atenção está voltada para a decisão do Banco Central sobre a taxa Selic, taxa básica de juros. O Comitê de Política Monetária (Copom) se reunirá nesta quarta-feira (6).
Segundo Matheus Spiess, analista de macroeconomia da Empiricus Research, o clima econômico continua pessimista, o que pode levar a mais uma alta dos juros.
“Projeções indicam um aumento expressivo nas despesas obrigatórias nos próximos anos, o que tem gerado inquietação, tanto no governo quanto no mercado, em relação à sustentabilidade do arcabouço fiscal atual”, explica.
As taxas de juros nominais já ultrapassam 13% em várias maturidades e, de acordo com Spiess, o mercado já precifica um ciclo de aperto monetário ainda mais rigoroso do que o anterior, com a Selic podendo atingir quase 14%.
Simultaneamente, o dólar à vista recentemente alcançou cerca de R$ 5,87, registrando seu segundo maior valor histórico em relação ao real, abaixo do pico de R$ 5,90, alcançado em maio de 2020 no auge da pandemia.
Cortes de gastos deve influenciar os próximos movimentos da Selic
Segundo Spiess, sinalizações mais claras sobre diminuições de despesas do governo seriam fundamentais para melhorar a situação econômica e, consequentemente, trazer alívio à Selic.
Nesse sentido, o presidente Lula e seus principais ministros das áreas econômica e política se reuniram nesta semana para avançar no plano de ajuste fiscal. Inclusive, ontem (4) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, cancelou sua viagem à Europa para se concentrar nas mazelas fiscais do Brasil.
Em discussão estão duas Propostas de Emenda à Constituição (PECs) essenciais. A primeira busca estabelecer um limite de 2,5% do arcabouço fiscal para todos os gastos obrigatórios — com exceção do salário mínimo e da Previdência. A segunda propõe a desvinculação das receitas, em linha com o antigo mecanismo de Desvinculação das Receitas da União (DRU) do Plano Real.
É aguardada ainda a apresentação de outras medidas em um projeto de lei, como a definição de limites para o número de famílias beneficiadas por programas sociais e ajustes nos critérios para acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC) e ao seguro-desemprego.
Na visão de Spiess, esse movimento é um sinal positivo, embora a efetiva implementação das medidas de contenção de gastos ainda seja aguardada. “Caso essas ações sejam confirmadas nos próximos dias, poderão trazer maior estabilidade ao mercado financeiro“, avalia o analista.
Porém, o risco, acredita o analista, é que qualquer decepção em relação aos cortes poderia agravar ainda mais a conjuntura econômica. “Por enquanto, essas propostas ainda estão no campo da especulação e o mercado aguarda ações concretas para restabelecer a confiança”.
Banco Central muito pressionado com a falta de credibilidade fiscal e alta dos juros de 10 anos nos EUA
Segundo Spiess, o Banco Central do Brasil está bastante pressionado devido à falta de credibilidade fiscal e ao aumento dos juros nos EUA — onde o yield das Treasuries de 10 anos ultrapassou 4,30% devido à força da economia americana e ao “Trump Trade“.
“As expectativas de inflação têm se deteriorado nas últimas semanas, como mostra o Boletim Focus, e atualmente o mercado projeta que a Selic atinja 11,75% até o final do ano, com aumentos previstos de 50 pontos-base em novembro e dezembro”, comenta.
Além disso, em sua visão, novos ajustes em 2025 dependerão do progresso nas medidas de corte de gastos, essenciais para reancorar as expectativas inflacionárias e da trajetória dos juros nos EUA.
Inclusive, nesta quarta (6), às 18h, o programa Giro do Mercado, do MoneyTimes (portal do Grupo Empiricus), vai comentar em tempo real a decisão da Selic e como investir diante do cenário macro. Veja aqui como assistir gratuitamente.
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