O robusto desempenho trimestral divulgado pela Alphabet (GOGL34), controladora do Google, na noite de ontem, promete um dia positivo para as empresas de tecnologia, que já encerraram a terça-feira em alta.
Apesar da recepção mista aos resultados da AMD (A1MD34), o foco do mercado deve permanecer nos números da Alphabet, sendo a primeira das cinco grandes “Magnificent 7” a publicar seus balanços esta semana. A Tesla (TSLA34) já divulgou na semana passada, enquanto a Nvidia (NVDC34) costuma apresentar mais próximo do fim da temporada de resultados.
Hoje (30), o mercado aguarda os balanços de outras gigantes, além de dados sobre o mercado de trabalho e atividade econômica tanto nos Estados Unidos quanto na Zona do Euro, que já divulgou sua atualização de PIB nesta manhã.
A narrativa de crescimento econômico permanece favorável nos EUA, apesar das dificuldades observadas na China e na Europa. Nesse cenário, os índices europeus iniciaram a quarta-feira em queda, acompanhando o tom negativo do mercado asiático, pressionado principalmente pelos papéis do setor automotivo. Na China e em Hong Kong, a atenção dos investidores voltou-se para a recente imposição de tarifas sobre veículos elétricos produzidos em território chinês, além de movimentações nas ações de seguradoras e bancos. Em contraste, os futuros americanos operam em alta, alinhados ao movimento positivo nas principais commodities (bom para nós).
· 00:58 — Testando limites
No Brasil, enquanto investidores aguardam dados econômicos como o Caged (mercado de trabalho) e o IGP-M (inflação), além de certos resultados corporativos, a principal preocupação segue centrada na expectativa pelo pacote de corte de gastos, que já vem sendo negociado com o presidente, mas ainda permanece fora do radar do mercado.
Na noite de ontem, a equipe econômica se reuniu com Lula no Alvorada, mas sem indicar uma direção clara. O único sinal desfavorável foi dado por Haddad, que cometeu um deslize ao afirmar que não há previsão para o anúncio das medidas — o que é um mau sinal, considerando que o mercado esperava uma definição ainda esta semana. Haddad também declarou desconhecer a origem das cifras de R$ 30 a R$ 50 bilhões, levantando preocupações de que um valor abaixo disso frustre as expectativas do mercado.
Com essa indefinição, o dólar já se aproxima de R$ 5,80, enquanto o governo testa os limites; será que precisa chegar a R$ 6,00 para que algo seja feito?
Algumas notícias, no entanto, podem trazer alívio, como a expectativa de que a Petrobras (PETR4) anuncie uma distribuição de US$ 4 bilhões em dividendos extraordinários no 4T24, representando um rendimento de 4,4%. Além disso, embora os resultados do Santander (SANB11) tenham desapontado, a temporada de balanços corporativos não tem sido totalmente negativa. Contudo, o mercado está focado no cenário fiscal.
O pessimismo se reflete tanto no câmbio, agora em seu pior nível em mais de dois anos, quanto na curva de juros, onde, ontem, vimos o sétimo leilão consecutivo com taxas recordes, com dois vencimentos alcançando taxas superiores a 6,80% ao ano. A fuga de capital dos mercados emergentes também aumenta devido à alta dos Treasuries, impulsionada pelas eleições nos EUA. A reta final de outubro tem sido desafiadora, e a solução está nas mãos do governo: um plano estrutural minimamente responsável já seria suficiente para abrir espaço para um fechamento positivo de ano.
· 01:49 — Tensão em Brasília: sucessão e Reforma Tributária
As negociações para a sucessão nas presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal já estão em andamento. Na Câmara, Hugo Motta, do Republicanos da Paraíba, desponta como o principal candidato à presidência, contando com o recente apoio formal de Arthur Lira (PP-AL). Motta encontra-se em tratativas com o governo e a oposição para solidificar seu apoio.
No Senado, Davi Alcolumbre, do União Brasil do Amapá, que já presidiu a Casa durante a primeira fase do governo Bolsonaro, é cogitado para retomar o cargo. Essas movimentações já refletem a influência dos resultados das recentes eleições municipais, sinalizando mudanças estratégicas na liderança do Congresso e uma possível reforma ministerial em preparação para 2026. Inclusive, há especulações sobre um eventual desembarque do MDB do governo atual.
Enquanto isso, a Reforma Tributária também avança. Dario Durigan, secretário-executivo da Fazenda, anunciou que a Câmara deve votar esta semana as emendas ao segundo projeto de regulamentação da reforma, cujo texto-base foi aprovado em 13 de agosto. Essas emendas abordam a criação do Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), a redistribuição de receitas entre estados e municípios e o imposto sobre heranças e transmissão de imóveis. No Senado, o relator Eduardo Braga tem prevista para 4 de dezembro a votação do primeiro projeto de regulamentação da reforma na Comissão de Constituição e Justiça. A conclusão célere desses processos é considerada essencial para o progresso da reforma.
· 02:35 — Gigantes
Nos Estados Unidos, as ações das Big Techs impulsionaram o Nasdaq para uma alta recorde ontem, mantendo a tendência que se observa desde 2023. O avanço ocorreu às vésperas dos relatórios de lucro de cinco das empresas conhecidas como “Magnificent Seven“.
A primeira a divulgar resultados esta semana foi a Alphabet, que apresentou seu balanço do terceiro trimestre após o fechamento do mercado na terça-feira. A controladora do Google superou as expectativas de lucro e receita, com um crescimento sólido em ambos os indicadores. Como esperado, os investimentos em inteligência artificial e novas tecnologias para um futuro próximo estão em alta, refletindo-se no capex da empresa, que ultrapassou US$ 13 bilhões no trimestre — bem acima dos US$ 8 bilhões do mesmo período do ano passado e da estimativa de consenso.
O otimismo em torno das ações continua, projetando mais um dia positivo antes dos relatórios de Meta (M1TA34) e Microsoft (MSFT34) hoje (30). Outros destaques incluem Biogen, Booking, Bunge, Caterpillar, eBay, Eli Lilly, Equinix, GE HealthCare, Kraft Heinz, MGM Resorts International, MetLife, Otis Worldwide, Prudential Financial e Starbucks.
Além da agenda corporativa, os dados macroeconômicos de terça-feira (29) trouxeram a Pesquisa de Vagas de Emprego e Rotatividade de Mão de Obra (JOLTS), que revelou 7,4 milhões de vagas não preenchidas no último dia útil de setembro.
Este é o menor número em três anos e meio e ficou bem abaixo do consenso de 7,9 milhões, oferecendo suporte ao processo de redução das taxas de juros pelo Federal Reserve. O Fed costuma monitorar a proporção de trabalhadores desempregados em relação às vagas disponíveis como indicador da pressão no mercado de trabalho, e os dados de setembro reduziram essa proporção para 1,1, comparado ao pico de 2,2 em 2022.
Em paralelo, o índice de confiança do consumidor, indicador relevante para consumo e crescimento, apresentou um aumento e superou as expectativas do mercado. Embora o emprego continue sendo o dado mais relevante, o relatório de confiança assume um papel secundário nesta semana, com foco no aguardado payroll de sexta-feira.
Hoje, o Relatório Nacional de Emprego da ADP trará uma previsão de aumento de 95 mil postos de trabalho no setor privado, 48 mil a menos do que em setembro. Mesmo que o resultado seja mais fraco, isso não deverá alterar a expectativa de que o Fed reduza o ritmo de flexibilização na próxima reunião de política monetária.
· 03:23 — Menos de uma semana para a eleição americana
Nos Estados Unidos, os eleitores afirmam que a economia é a questão mais importante nesta eleição presidencial. Com menos de uma semana para o dia da eleição, eles estão prestes a receber uma série de dados cruciais. Além dos relatórios de emprego já mencionados, a primeira leitura do PIB do terceiro trimestre será divulgada hoje (30), com uma expectativa de crescimento anualizado de 3%. Se o número superar essa previsão, poderá reforçar ainda mais a narrativa do “excepcionalismo americano”.
Em uma pesquisa recente conduzida pelo Financial Times e pela Ross School of Business da Universidade de Michigan, Donald Trump ultrapassou Kamala Harris como o candidato em quem os americanos mais confiam para lidar com a economia: 44% dos eleitores disseram confiar mais em Trump, contra 43% que preferem Harris. Esse é um sinal desfavorável para os democratas, especialmente em um momento de fortalecimento das apostas em Trump e maior convicção de que o republicano pode voltar à Casa Branca no próximo ano.
O resultado da eleição presidencial dos EUA trará repercussões importantes para a política econômica global. O Brasil, como uma economia altamente conectada ao mercado internacional, precisa se preparar para qualquer cenário. As propostas debatidas nas eleições americanas giram em torno de três grandes pilares — imigração, expansão fiscal e protecionismo —, todos com tendência inflacionária. Embora o crescimento econômico dos EUA deva continuar, o nível mais alto de inflação limitará o ciclo de queda nas taxas de juros. Como apontou recentemente Paul Tudor Jones: “Todos os caminhos levam à inflação.
· 04:12 — Dificuldade
Na Zona do Euro, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou um crescimento de 0,4% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior, superando as expectativas dos analistas. Em termos anuais, o PIB europeu aumentou 0,8%, em linha com as previsões do mercado. Entretanto, os dados mais recentes sugerem uma estabilização no ritmo de crescimento, acompanhada de sinais claros de uma possível desaceleração econômica e uma pressão crescente por cortes mais rápidos nos juros.
O cenário econômico europeu é marcado por desafios tanto internos quanto externos, com o impacto adicional das incertezas associadas às eleições norte-americanas, que têm mantido o euro sob pressão. Estruturalmente, a Europa enfrenta os obstáculos de um modelo econômico que demonstra sinais de desgaste, crescimento anêmico e uma inflação que lentamente converge para a meta estabelecida. O contexto internacional agrava esses desafios com o potencial de novas tarifas dos EUA sobre produtos europeus, um diferencial de juros maior e uma demanda mais fraca da China.
Diante desse crescimento moderado e de altos níveis de endividamento, as perspectivas para a Europa permanecem restritas, dificultando que o continente alcance o desempenho econômico atual dos Estados Unidos.
· 05:07 — Resultado forte
Após o fechamento do mercado ontem, a Alphabet (GOOGL) apresentou seus resultados financeiros do terceiro trimestre de 2024, superando as expectativas dos analistas, com destaque para o forte desempenho no segmento de computação em nuvem, o que contribuiu para a valorização de mais de 20% nas ações desde o início do ano. A pergunta que fica é: há espaço para mais valorização?
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