Introdução
A recente turbulência nos mercados globais, impulsionada pelo risco de recessão nos Estados Unidos, queda das bolsas asiáticas e tensões no Oriente Médio, afetou significativamente a indústria de criptomoedas. Na segunda-feira (5), o setor perdeu US$ 288 bilhões em capitalização, uma queda de 13% em um único dia, segundo dados da CoinGecko. Este foi o maior declínio diário desde janeiro de 2022, conforme os gráficos do TradingView.
Recuperação Temporária ou Novo “Inverno Cripto”?
Apesar do choque inicial, as criptomoedas mostraram sinais de recuperação, levando investidores a questionarem se o pior já passou ou se um novo “inverno cripto” está se aproximando.
Possibilidade de Queda Adicional
Gracy Chen, CEO da Bitget, destaca que historicamente, o mercado de criptomoedas precisa experimentar uma queda acentuada para reduzir posições compradas em contratos futuros e diminuir a pressão de venda antes de uma recuperação sustentável. “O histórico do mercado mostra que essas correções são necessárias para um verdadeiro impulso de alta”, explica Chen.
Análise do Bitcoin
Situação Atual
Após atingir brevemente R$ 49 mil na manhã de segunda-feira, o Bitcoin (BTC) recuperou para cerca de US$ 55 mil no fechamento das bolsas. Na manhã de terça-feira, estava sendo negociado a US$ 55.235. No entanto, Ana de Mattos, analista técnica e trader da Ripio, alerta que há espaço para mais quedas no curto prazo.
Perspectivas de Curto Prazo
“Devemos considerar a possibilidade de o preço corrigir ainda mais, mas isso não significa que o preço atual não esteja interessante para quem pensa no longo prazo”, diz Ana. Se houver uma queda maior, o BTC poderá buscar regiões de liquidez nos US$ 44 mil e US$ 41 mil. Para estabilizar ou reverter a tendência de baixa, é necessário um fluxo comprador significativo. As resistências de curto e médio prazo estão nas áreas de US$ 55.230 e US$ 63.600.
Rodrigo Cohen, analista da XP, afirma que o Bitcoin está buscando um fundo de canal de baixa e reduzindo perdas, mas a tendência de preços ainda é incerta.
Cenário do Ethereum
Impacto da Queda
O Ethereum (ETH) sentiu um impacto mais forte do que o Bitcoin, caindo 22% na segunda-feira, mas reduzindo as perdas para menos de 12% no fim do dia, sendo negociado a US$ 2.464 na manhã de terça-feira. Ana de Mattos observa que a força vendedora do Ether continua forte, o que sugere uma possível queda para suportes em US$ 2.010 e US$ 1.795. As resistências para uma possível recuperação estão em US$ 2.500 e US$ 2.700.
Situação da Solana
Desempenho Recente
A Solana (SOL) também foi afetada pelo pânico global, mas a queda foi menor em comparação ao BTC e ETH. Na tarde de segunda-feira, a SOL era negociada a US$ 131, com desvalorização de 5% em 24 horas. Emerson Antunes, trader da Foxbit, sugere que o mercado pode cair um pouco mais, mas há sinais de tentativa de recuperação.
Ana de Mattos afirma que, se a queda continuar, as regiões de suporte da SOL estão em US$ 103.00 e US$ 75.65. Em caso de recuperação, as resistências são US$ 128.00 e US$ 155.00. Na manhã de terça-feira, a SOL era negociada a US$ 138,92.
Perspectivas de Médio e Longo Prazo
Expectativas Futuras
Apesar das recentes quedas, os especialistas do setor cripto permanecem otimistas a longo prazo, especialmente devido às expectativas de cortes de juros nos Estados Unidos e à corrida eleitoral no país. Guilherme Nazar, vice-presidente da Binance para a América Latina, acredita que a redução das taxas de juros pelo Federal Reserve em setembro deve melhorar a perspectiva econômica dos EUA, aumentando o potencial de flutuações de mercado favoráveis.
Análise da Bernstein
Em um relatório divulgado recentemente, a corretora Bernstein destacou que a recuperação do mercado cripto está diretamente associada a sinais macroeconômicos e eleitorais dos EUA no terceiro trimestre. Os analistas acreditam que se o mercado acionário se recuperar após uma resposta do banco central americano, o BTC e outras altcoins deverão seguir o mesmo caminho.
Conclusão
O mercado de criptomoedas continua volátil, influenciado por fatores econômicos globais e tensões geopolíticas. Embora o setor tenha sofrido uma queda significativa recentemente, a recuperação parcial sugere um possível alívio a curto prazo. No entanto, os investidores devem permanecer cautelosos, observando de perto os desenvolvimentos macroeconômicos e eleitorais que podem impactar significativamente o mercado no futuro próximo.