A Argentina enfrenta recessão com uma queda de 5,1% no PIB e aumento do desemprego para 7,7% no primeiro trimestre de 2024, em meio a medidas de austeridade do governo de Javier Milei.
A Argentina entrou oficialmente em recessão técnica no primeiro trimestre de 2024, conforme anunciado pelo Instituto Nacional de Estatística e Censo (Indec) nesta segunda-feira, 24 de junho. O Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou 5,1% em comparação anual e 2,6% em relação ao último trimestre de 2023, refletindo o impacto das políticas de austeridade implementadas pelo presidente Javier Milei.
Queda no PIB e Setores Mais Afetados
O setor da construção foi o mais prejudicado, apresentando uma queda de 19,7% na comparação ano a ano. A indústria manufatureira também sofreu uma contração significativa de 13,7%, enquanto as atividades de intermediação financeira recuaram 13%. Esses dados indicam uma desaceleração generalizada na economia argentina, afetando diversas áreas essenciais para o crescimento econômico.
Políticas de Austeridade e Ajuste Fiscal
Em um discurso recente na República Tcheca, última parada de sua viagem pela Europa, Javier Milei defendeu as rigorosas medidas de austeridade adotadas por seu governo. Ele afirmou que seu governo está realizando “o maior ajuste fiscal não só da história argentina, mas também da humanidade”, destacando a devolução de 15 pontos percentuais do PIB ao setor privado.
Desde que assumiu a presidência em dezembro de 2023, Milei tem implementado cortes significativos nos gastos públicos, incluindo a redução e eliminação de órgãos estatais, suspensão de financiamento às províncias, demissão de milhares de funcionários públicos, desregulamentação de preços e eliminação de subsídios. Essas medidas visam reduzir o déficit fiscal, mas têm provocado grandes impactos na população, com metade dos argentinos vivendo abaixo da linha da pobreza.
Desemprego em Alta
O desemprego também aumentou no primeiro trimestre de 2024, alcançando 7,7% da população economicamente ativa, um incremento de 0,8 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior. A taxa de desocupação foi de 8,4% para as mulheres e 7% para os homens, indicando disparidades de gênero no mercado de trabalho.
Inflação Recorde
Outro desafio significativo para a Argentina é a inflação, que atingiu 71,9% nos primeiros cinco meses de 2024 e 276,4% em 12 meses, níveis inéditos em três décadas. Esse cenário inflacionário extremo tem pressionado ainda mais os consumidores e contribuído para a crise econômica.
Exportações em Alta
Apesar do cenário negativo, houve um aumento nas exportações, que cresceram 26,1% em 12 meses e 11,1% em relação ao trimestre anterior. Este foi o único indicador positivo no relatório do Indec, oferecendo um alívio parcial para a economia.
A Argentina enfrenta uma conjuntura econômica desafiadora, com uma recessão técnica, aumento do desemprego e inflação recorde. As políticas de austeridade de Javier Milei, embora destinadas a restaurar a ordem fiscal, têm causado dificuldades significativas para a população. O futuro econômico do país dependerá de como essas medidas impactarão a longo prazo e de como o governo lidará com os desafios sociais e econômicos iminentes.