Confira como as expectativas de inflação, juros e câmbio estão influenciando a alta do dólar frente ao real. Saiba mais sobre as projeções do mercado para a decisão do Copom nesta semana.
O dólar iniciou a semana em alta frente ao real, refletindo a preocupação dos investidores com as expectativas macroeconômicas e as decisões iminentes do Banco Central do Brasil. A semana será marcada pela decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.
Às 9h53, o dólar à vista subia 0,56%, sendo cotado a 5,4114 reais na venda. Enquanto isso, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento aumentava 0,53%, alcançando 5,411 reais na venda na B3.
Os investidores estão especialmente atentos à decisão do Copom, com uma percepção crescente de que o colegiado interromperá o ciclo de afrouxamento monetário, após sete cortes consecutivos, optando por manter os juros inalterados. Essa expectativa foi reforçada pela pesquisa Focus do Banco Central, que indicou uma elevação na projeção para a Selic até o final do ano, contrariando previsões anteriores de novos cortes.
Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, destacou que a alta da taxa de câmbio nesta segunda-feira reflete a piora das projeções macroeconômicas do Focus, evidenciando uma expectativa mediana de que o Banco Central não reduzirá seus juros na decisão desta semana. Ele também mencionou o contexto de perda de credibilidade na condução da política fiscal e monetária no país.
Na semana passada, diversos bancos já haviam elevado suas projeções para a taxa de juros em 2024, sinalizando um cenário de maior incerteza tanto no exterior quanto no Brasil. A redução das expectativas por cortes de juros no Federal Reserve e as preocupações crescentes com o cenário fiscal brasileiro contribuíram para essa mudança de cenário.
Os recentes temores fiscais provocaram uma valorização de 1,06% do dólar frente ao real na última semana, à medida que ruídos sobre o compromisso do governo com o ajuste das contas públicas ganharam força, assim como a estabilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
As autoridades do Banco Central, incluindo o presidente Roberto Campos Neto, têm expressado preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, apesar dos índices de preços mais benignos recentemente observados. No Focus, os analistas revisaram para cima sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), agora estimando fechar o ano em 3,96%, comparado a 3,90% na semana anterior.
Em meio à alta do dólar, que chegou a ultrapassar R$5,40 em momentos da semana passada, os analistas também revisaram suas projeções para a cotação da moeda norte-americana ao fim do ano, elevando-a para 5,13 reais, ante 5,05 reais anteriormente previstos.
No cenário externo, o dólar operava com certa estabilidade, com os investidores aguardando novos sinais sobre a política monetária do Federal Reserve e acompanhando o desenvolvimento das incertezas políticas na União Europeia. O índice do dólar (DXY), que avalia seu desempenho em relação a uma cesta de seis divisas, registrava alta de 0,06%, alcançando 105,600.