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‘Essa é uma combinação vencedora’: gestor recomenda a união entre essas classes de ativos para montar a carteira de investimentos ideal

Imagem representando os fundos offshore permitem investir em ativos no exterior e diversificar a carteira.

“Uma carteira de yield no Brasil com tecnologia nos EUA é uma combinação vencedora em horizontes intermediários de tempo”, defende o CIO da Dahlia Capital, José Rocha, no terceiro painel do Macro Summit Brasil 2024.

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O evento foi realizado pelo hub de conteúdos financeiros Market Makers, em parceria com os portais Money Times e Seu Dinheiro. No painel, ele e Mariana Dreux, da Itaú Asset, debateram “O cenário macro e seus impactos nos preços”.

Quando cita “yield no Brasil”, o CIO explica que se refere a NTN-B (título do Tesouro Direto atrelado à inflação) e algumas ações da bolsa brasileira.

“NTN-B IPCA +6% é um negócio que chama muito a nossa atenção. E quando vai para a bolsa, tem uma série de ações que estão operando a IPCA + 12%, IPCA +13%, IPCA +14%. Isso é muito yield”.

Dentre essas duas classes de ativos, Rocha vê mais atratividade na bolsa. Segundo ele, a alocação média do brasileiro em ações nacionais é a menor da história. Além disso, ele defende que, como foi no ano passado, os movimentos de alta ocorrem de maneira rápida e é importante estar posicionado. 

Para o gestor, o início ruim de ano negativo para a bolsa brasileira tem a ver com a escalada do yield dos Treasuries de 10 anos. “O Brasil é um player de yield. Quando os juros da principal economia abrem, é um vento contra aqui”.

No entanto, ele acredita que, quando chegar perto do momento de o banco central norte-americano cortar os juros, as ações da B3 tendem a performar bem novamente.

“As pessoas superestimam o peso do cenário local no preço dos ativos. O que acontece em Brasília é importante? Claro que é. Porém o que acontece em particular na China e nos Estados Unidos acaba tendo um peso maior”, afirmou Rocha.

Além da combinação NTN-B e ações brasileiras, Rocha destaca que é fundamental ter empresas de tecnologia em um período que definiu como “revolução industrial da nossa geração”. 

“Para investir em tecnologia, tirando raríssimas exceções, tem de ser em ações norte-americanas. Então juntamos isso tudo lá na Dahlia para fazer a composição: yield no Brasil e tecnologia nos EUA”.

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Mariana Dreux vê oportunidades no México e Reino Unido

A gestora Mariana Dreux, da Itaú Asset, também vê com bons olhos a compra de títulos atrelados à inflação no Brasil. No entanto, ela gosta de ativos com vencimento curto, “de 1 ou 2 anos”.

“Acho que no curto prazo, no horizonte de 1 a 2 anos, o juro real vai ser muito menor do que está aí. A gente gosta desse juro real curto, muito por conta da inflação. Mas na parte longa (da curva), achamos que tem pouco prêmio”.

Dentre os países emergentes, Dreux vê oportunidade de investimento no México. “O adiamento do ciclo nos EUA fez com que o México segurasse também. Mas é uma curva que tem poucos (cortes) precificados. A gente acha que, de uma forma geral, os inícios de ciclos de afrouxamento tendem a surpreender para uma queda mais rápida do que tem na curva. Lá, diferente do Brasil, estamos mais animados com o juro para baixo”.

Já em relação aos países desenvolvidos, Dreux aponta o Reino Unido como opção favorita de investimento. “Talvez deva começar a cortar juros um pouco antes do que o mercado espera”.

A gestora afirma não estar alocada em ações brasileiras, mas enxerga atratividade na bolsa norte-americana

“Crescimento forte, perspectiva de ajuste para um nível de juros menos restritivo, gostamos do fundamento. Mas temos um pouco de receio por conta do movimento do treasury de 10 anos recentemente. Taticamente não temos uma posição maior por conta disso”, explicou.

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‘Pessimismo’ com a curva de juros brasileira

A gestora da Itaú Asset lembra que o mercado começou 2024 com uma expectativa muito forte pelo início do corte de juros nos EUA logo nos primeiros meses. No entanto, os dados, tanto de inflação quanto de emprego, frustraram as expectativas.

“O mercado acreditava que ia ser março, chegou a precificar mais de 170 pontos-base de corte para este ano nos EUA. Mas a gente viu um repique [da inflação] que deixou o Fed desconfortável, uma atividade econômica muito forte. Ao longo do ano, essa expectativa de corte não só foi jogada para frente, como a magnitude do possível corte de juro pelo Fed diminuiu”.

A gestora se mostra preocupada com a trajetória do yield do treasury de 10 anos nos EUA, que costuma direcionar os mercados ao redor do mundo. 

As taxas, inclusive, voltaram a subir desde os dados de inflação que saíram na última quinta-feira (11) e tem empurrado as bolsas globais para o negativo. 

É importante destacar que a conversa com os gestores ocorreu um dia antes do CPI, índice de preços ao consumidor dos EUA, ser divulgado.

“Temos ficado mais pessimistas com a curva de juros aqui. Tanto por conta do cenário externo mais desafiador quanto por essas revisões ininterruptas de atividade para cima que a gente faz pelo qualitativo da inflação”.

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As ‘três pragas do Egito’ e a inflação

José Rocha, da Dahlia, separa o cenário macroeconômico em “duas partes”. Uma cíclica e outra estrutural.

O gestor elenca uma série de eventos negativos que ocorreram nos últimos anos que causaram uma onda inflacionária e uma subida generalizada de juros ao redor do mundo.

“O que aconteceu no mundo entre 2022 e 2022 foi bizarro. Pandemia, que foi a pior crise dos últimos 100 anos. Depois, guerra com a superpotência nuclear da Europa, que fez o preço da comida e da energia subirem. E aqui no Brasil, a pior seca dos últimos 100 anos em 2021”.

No entanto, apesar de “três das dez pragas do Egito nos últimos anos”, como definiu, Rocha vê uma melhora considerável da economia.

“Não é uma linha reta de melhora, ainda tem algumas pontas soltas. Mas a inflação está mais baixa hoje do que era há 1 ano. O Brasil está com o menor desemprego dos últimos 15 anos. Mesmo o fiscal, que preocupa e tem que ser endereçado, os números deste ano vieram melhores que o esperado”, avaliou.

Mundo é deflacionário em um horizonte maior de tempo?

Em um horizonte mais amplo de templo, com os efeitos dos últimos eventos negativos superados, Rocha vê uma combinação de fatores que tornam o mundo estruturalmente deflacionário.

“Essas razões passam por dívida alta, quando têm dívidas altas é difícil para os países, famílias e empresas. Também por demografia, é um mundo que está envelhecendo e sociedades que consomem menos, têm menos PIB. E tecnologia, que empurra esse negócio de uma forma muito poderosa para baixo. Isso não quer dizer que você não possa ter surtos cíclicos inflacionários”, afirma Rocha.

A tecnologia é um tema muito presente na tese defendida por Rocha. 

“A parte que a gente acha interessante sobre isso é que a inteligência artificial não é a causa, mas a consequência de um negócio maior que roda por trás dela, que é a Lei de Moore”.

Essa lei faz referência ao fundador da Intel, Gordon Moore. Em 1995, ele previu que a cada dois anos a velocidade de processamento dos computadores dobraria.

“Nos últimos 50 anos, essa previsão se mostrou correta. A cada 18 meses, mais ou menos, a velocidade de processamento dos computadores dobra. Isso talvez seja a coisa mais importante da nossa geração. Quando você vê, por exemplo, a Tesla, que é um carro que dirige sozinho, é uma aposta na Lei de Moore. Ou quando você vê drone fazendo entrega de pizza, o que acontece com a turma de entregadores? Isso tudo acaba sendo a implementação na vida real da Lei de Moore”.

Um outro efeito deflacionário poderoso no longo prazo pode vir da energia. Rocha lembra que, até 2022, o mundo tinha escassez energética, ocasionada em partes por uma agenda climática.

Com isso, avalia o gestor, houve pouco investimento em produção e exploração de petróleo. No entanto, ele avalia que a guerra entre Rússia e Ucrânia mudou essa questão.

“Quando a sociedade sofre, o pêndulo político começa a mudar e as políticas energéticas no mundo começaram uma lenta transição para um novo equilíbrio. Saiu de um mundo em que produtor de petróleo era demonizado para um mundo onde a Rússia continuou no mercado, o Irã voltou pro mercado, a Venezuela vai voltar pro mercado, a energia nuclear é considerada energia verde e a produção do petróleo dos Estados Unidos subiu 20%. Se tem um custo de energia razoavelmente controlado, tem menos inflação. Sai de escassez para a abundância energética”.

A gestora Mariana Dreux concorda com a tendência deflacionária do mundo. No entanto, ela acredita que esse tema estrutural deve ser adiado por conta dos dados de inflação e das economias e mercados de trabalho ainda fortes em todo o mundo.

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Receba os melhores momentos do Macro Summit em seu e-mail

A primeira edição do Macro Summit Brasil chegou ao fim na última quinta-feira (11). 

O evento online e gratuito teve três dias de duração e discutiu o cenário macro e as oportunidades de investimentos com figuras conhecidas que atuam em diferentes áreas do mercado.

Ao todo, foram 5 painéis e convidados de peso. Além da conversa entre José Rocha e Mariana Dreux, destrinchada nesta matéria, nomes como Luis Stuhlberger, Daniel Goldberg, Marcos Mendes e Marcos Troyjo também participaram do evento.

O intuito do Macro Summit foi apresentar aos investidores pessoa física como pensam grandes economistas e gestores, para auxiliar nas melhores decisões de investimentos.

Por isso, caso não tenha conseguido acompanhar o evento, não se preocupe. 

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