Para os mercados globais, o primeiro trimestre de 2024 foi marcado por poucas (mas boas) surpresas.
Além do bitcoin que atingiu a marca dos US$ 70 mil, outro destaque veio do mercado asiático. O índice Nikkei surpreendeu a todos e apresentou o melhor desempenho entre as bolsas dos países desenvolvidos (+20%). Ao longo dos últimos seis meses, a renda variável japonesa voltou a se tornar a queridinha dos value investors, especialmente após Warren Buffett declarar que não pretende vender as ações das tradings houses — Mitsui & Co., Mitsubishi Corp., Marubeni, Itochu Corp. e Sumitomo Corp. — adquiridas ao longo de 2020.
De fato, as aquisições de Buffett renderam excelentes frutos para a Berkshire Hathaway. Especialmente se levarmos em consideração a janela de oportunidade dos juros baixos. Naquela época, a Berkshire conseguiu levantar mais de US$ 6 bilhões em dívidas a um custo anual de 0,5% ao ano para realizar o investimento nas ações. E de lá para cá, impulsionadas pela desvalorização do iene e pelo bom desempenho da economia japonesa, as ações das companhias investidas dispararam — veja o gráfico 1.
Gráfico 1 – Desempenho das Tradings Companies japonesas – desde set/20. Fonte: Koyfin.
Bastante alinhadas à estratégia da Berkshire, esse grupo de empresas possui um modelo de negócio único, que contempla diversas frentes de atuação em diferentes setores das economias global e local. Além da diversificação dos seus produtos e negócios, essas gigantes alocam capital ao redor do mundo e mantêm exposições em diversas moedas, facilitando o seu controle de riscos. Atualmente, esse conjunto de empresas vale mais de US$ 340 bilhões em termos de valor de mercado e o lucro líquido dos últimos doze meses superou a marca dos US$ 22,5 bilhões.
Sob a ótica dos valuations, as ações continuam bastante atrativas, mesmo quando levamos em conta a forte valorização dos últimos anos. Apoiadas na forte geração de caixa, proporcionada pelos negócios ligados ao mundo das commodities, as companhias têm conseguido navegar razoavelmente bem neste ambiente mais incerto.
Aqui na casa, temos investimentos diretos nessas tradings, por meio do fundo Empiricus WB90 FIA BDR Nível I e, indiretamente, por meio do ETF WisdomTree Japan Hedged Equity Fund, presente no Empiricus Money Rider Hedge Fund FIM IE. Em ambos os casos, a performance das ações japonesas contribuíram bastante para os resultados dos fundos alcançados neste ano.
Olhando para frente, a posição nas ações japonesas ainda guarda atratividade. Do lado macroeconômico, nem mesmo o fim da política fiscal ultra agressiva promovida pelo BoJ deve provocar uma fuga das ações, já que os seu efeito será praticamente inócuo — afinal de contas, os juros ainda se encontram em patamares próximos a zero. O iene desvalorizado, por sua vez, fortalece a presença das empresas japonesas em outros mercados e as coloca em pé na competição com as empresas chinesas.
Esse equilíbrio entre a moeda fraca e o bom posicionamento estratégico das tradings no mundo dos negócios, abriu espaço para os value investors se posicionarem. Após anos de underperformance, finalmente abriu-se o espaço para a estratégia ganhar competitividade.
O comportamento dos mercados em Março (e nos primeiros pregões de Abril) e os ajustes nas carteiras
O mês de março terminou bastante positivo para os mercados de renda variável global. As palavras suaves de Jerome Powell acerca da política monetária a ser praticada pelo Fed abriu espaço para que os investidores corressem para o risco. Todas as principais bolsas globais fecharam o mês no campo positivo. A exceção foi o Ibovespa, que apresentou queda de 0,71%.
Entretanto, no fechamento do mês, mais precisamente no feriado do dia 29, a divulgação do PCE Index de fevereiro, feita pelo Bureau of Economic Analysis mostrou um número mais resiliente. A inflação anualizada que exclui as variações de preços dos alimentos e da energia (PCE Core Index) atingiu 2,8% e restringiu a animação dos investidores nos primeiros dias de abril. Esse número, somado ao dado positivo do PMI da indústria, que mostrou expansão em março, fez com que os juros longos nos EUA voltassem a subir com força — a taxa do treasury de dez anos atingiu os 4,40%.
Tal movimento foi o suficiente para gerar apreensão. O dólar voltou a subir com mais força frente aos pares globais e provocou uma saída dos ativos de risco. Por outro lado, deu fôlego para as commodities: o preço do barril de petróleo voltou a subir e atingiu a marca dos US$ 85. Em nossa Carta do Gestor de abril (veja aqui) comentamos um pouco mais sobre esses movimentos e os seus eventuais efeitos em nosso cenário base para o ano.
Em termos de portfólio, demos uma guinada um pouco maior em direção às commodities aqui na Bolsa brasileira, por meio do Empiricus Deep Value Brasil FIA, com o aumento das posições em Petrobras e Suzano. Nos portfólios internacionais, estamos revisando o posicionamento das carteiras, com o objetivo de capturar oportunidades abertas com esse breve sell-off.
Ainda nesta semana, publicaremos uma série de documentos sobre nossos fundos. Mais para o final da semana, disponibilizaremos as cartas trimestrais do Empiricus Deep Value Brasil FIA e das famílias de Fundos de Fundos. Não deixe de ler.
Por fim, segue a tabela contendo os resultados das principais estratégias da casa, nas janelas mensal, anual, semestral e anual. Caso você deseje conferir algum outro fundo que não esteja presente nesta lista, visite o nosso site: www.empiricusgestao.com.br.
Forte abraço,
João Piccioni
O post Boas surpresas no primeiro trimestre de 2024 apareceu primeiro em Empiricus.